Altos Papos

Arbolina: biofertilizante é aposta para aumentar produtividade nas lavouras e reduzir dependência brasileira de fertilizantes importados

Em entrevista ao Programa Altos Papos nesta quinta-feira, 07, o diretor técnico da Agrovirtus, Marcos Cardoso, afirmou que, após cerca de 10 anos de pesquisas, o Brasil desenvolveu um biofertilizante que possui a capacidade de potencializar produção agrícola no Brasil, reduzir os impactos da seca nas lavouras e diminuir a dependência do Brasil de fertilizantes importados.

A Arbolina foi desenvolvida pela Krilltech, startup criada por cientistas da Universidade de Brasília (UnB), em conjunto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O biofertilizante faz parte de um projeto que começou com a intenção de desenvolver estudos de nanotecnologia para combater células cancerígenas, mas acabou por se tornar um estudo em agricultura. 

Segundo os pesquisadores, a arbolina ativa o sistema metabólico da planta, fazendo com que o vegetal tenha uma maior tolerância contra a falta de água. Segundo Cardoso, esta é uma característica que nenhum fertilizante no mundo tem, e que isso faz com que a planta fertilizada consiga agregar e potencializar a absorção dos macro e micronutrientes.

“A arbolina entra no mercado com preço bastante competitivo, acessível, não só ao grande e médio, mas também ao pequeno produtor. Por ser o único fertilizante no mundo que tem essa capacidade de tornar a planta mais tolerante à falta de água, […] nas regiões onde você tem agricultor de subsistência, e que às vezes perde a sua plantação por falta de chuva, aplicando a arbolina ele vai ter não só a produção para comer, para se alimentar, como também para vender.”, afirma Cardoso.

Cardoso comenta também que a interrupção da exportação de fertilizantes da Rússia, devido ao conflito do país com a Ucrânia, colaborou para o aumento da produção de arbolina, e ela tem preço alcançável para todos os tipos de produtores.

“O Brasil importa 26 milhões de toneladas, 85% dos fertilizantes que ele possui para a agricultura, sendo 23% da Rússia e 3% da Bielorussia. […] Hoje nós temos a arbolina, que é um produto agrotecnológico fantástico, […] e estamos correndo, todo o grupo, para fazer maiores investimentos para tentar atender a demanda nacional nesse prazo de seis meses”, explica. 

Com a eficiência do produto comprovada pela Embrapa, a equipe da Universidade de Brasília decidiu empreender. Abriu uma empresa na Bahia para produzir e vender o bioestimulante. A biofábrica de 50 m² fica no município de Dias D ‘Ávila e tem capacidade de produzir 200 mil litros de arbolina por mês – volume suficiente para 100 mil hectares de lavoura.