Cerca de 70% dos brasileiros que fazem uso do cartão de crédito possuem três ou mais cartões, de acordo com um levantamento feito pelo Serasa em todo o país.
Com a inflação nos dois dígitos há mais de oito meses, muitas famílias têm feito uso desta opção para pagar contas.
Segundo a pesquisa, 29% das pessoas dizem ter cinco ou mais cartões, 18% afirmam ter quatro cartões, 23% declaram possuir três cartões e 21% responderam ter dois cartões, enquanto apenas 9% dos entrevistados dizem ter somente um cartão.
Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) aponta que o uso do cartão de crédito para pagamentos aumentou 42,4% nos primeiros três meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2021.
Ao todo, foram R$ 478,5 bilhões gastos nesta modalidade de pagamento.
O uso de cartões de débito e pré-pago também cresceu no período.
Na primeira categoria, foram movimentados R$ 235,4 bilhões, o que representa um crescimento de 15,2%.
Já os pré-pagos registraram R$ 44,6 bilhões, com avanço de 148,4%.
Em número de transações realizadas, foi a primeira vez que os brasileiros registram uma média de 100 milhões de pagamentos com cartões por dia, um crescimento de 36% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
As operações somam R$ 758,6 bilhões nos três primeiros meses de 2022.
As compras para as quais os consumidores consideram que o uso do cartão de crédito é mais importante são, segundo a pesquisa, supermercado e alimentação (17%), farmácia (15%), eletrodomésticos (14%) e roupas (11%). As demais despesas pagas por essa modalidade são móveis (10%) e viagens (10%). Na escala de importância, o pagamento de boletos representa a menor proporção: apenas 6%.
Ao mesmo tempo que o uso de cartão aumenta, o número de brasileiros endividados e inadimplentes voltou a bater recorde em abril.
Do total de famílias do país, 77,7% estão com dívidas ou contas em atraso no quarto mês do ano.
De acordo com o presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, o cenário macroeconômico leva ao uso do serviço.
“A inflação alta, persistente e disseminada mantém a necessidade de crédito para recomposição de renda, fazendo com que as famílias encontrem nos recursos de terceiros uma saída para a manutenção do nível de consumo”, avalia.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação do país, ficou em 1,06% em abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foi a maior variação para o quarto mês do ano desde 1996.
No acumulado de 2022, o índice está em 4,29%: já acima do centro da meta do Conselho Monetário Nacional (CNM) para os 12 meses, de 3,5%, e ainda abaixo do teto, de 5%.
Por CNN