Dezenas de agentes culturais participaram, na manhã deste domingo, 27, da capacitação gratuita em acessibilidade cultural promovida pelo projeto “Luz, Câmera e Cuca: Expandindo Acessos”. O evento, idealizado para discutir práticas inclusivas nas produções culturais, aconteceu na sala 8 do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca), em Feira de Santana.
A psicóloga, artista e coordenadora do projeto, Naylane Santana, destaca a necessidade de adaptar os espaços e atividades culturais como espetáculos, aulas de artes e eventos para garantir que o direito à cultura seja garantido a todos. “Em Feira de Santana muitas pessoas desejam participar de atividades culturais, mas, muitas vezes, esses produtos não estão estruturados para receber as pessoas com deficiência. Essa capacitação é justamente para expandir nosso olhar e conhecimentos, atendendo todos nos espaços destinados à cultura”, afirma.
A audiodescritora e facilitadora da capacitação, Adriana Urpia, destaca que a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) tem impulsionado projetos culturais mais inclusivos nos últimos anos. “De 2015 para cá, com a LBI, houve um crescimento significativo na aplicação de acessibilidade em projetos culturais. Hoje, é raro encontrar editais que não contemplem esse aspecto”, explicou. Urpia enfatizou que a inclusão é um compromisso necessário: “As pessoas estão entendendo que é um dever cidadão incluir todos nos projetos culturais”.
A facilitadora também relembrou que, embora a acessibilidade ainda seja um tema recente em muitos espaços, as mudanças estão acontecendo: “Feira, por exemplo, está começando a incluir Libras e audiodescrição em festivais tradicionais, como o FENATIFS, pela primeira vez”.
Com tradução simultânea em Libras, a capacitação também foi conduzida pela consultora em acessibilidade e inclusão Doriane Vasconcelos que passou a se profissionalizar na área após o nascimento da filha que, assim como ela, possui deficiência visual. “Quando minha filha precisou ir para a escola e não havia recursos ou informações, tive que orientar a equipe pedagógica a tornar o espaço acessível”, relata.
Vasconcelos reforçou que a sociedade tem se mostrado mais disposta a promover a inclusão: “Hoje, as pessoas estão mais conscientes, mais engajadas em trabalhar a acessibilidade e em despertar outras para essa causa. Diversidade e acessibilidade são essenciais para que a verdadeira inclusão aconteça”.
O cineasta, produtor cultural e arte-educador Lucas Santana também participou da capacitação e destacou a importância de se aprofundar na temática da acessibilidade para aprimorar a atuação profissional. “Eu decidi fazer a oficina porque o tema da acessibilidade tem aparecido muito nos últimos anos no meu trabalho com cultura. Tenho buscado espaços de formação como esse para ir além da superficialidade e qualificar meu trabalho. Assim, posso garantir que ele chegue ao maior número de pessoas da forma mais adequada”, explicou.
Sobre o projeto
Financiado pela Prefeitura de Feira de Santana, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, e pela Lei Paulo Gustavo do Ministério da Cultura (Governo federal), o projeto “Luz, Câmera e Cuca” busca ampliar o acesso e a capacitação de agentes culturais da cidade. Além das capacitações, a iniciativa inclui a produção de um documentário sobre o Centro Universitário de Cultura e Arte e exibição do curta-metragem em escolas públicas.