O advogado Paulo Cunha Bueno, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), negou ao Supremo Tribunal Federal (STF) qualquer tentativa de obter informações sobre o acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Cid é um dos investigados por suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.
No documento enviado ao STF, Cunha Bueno também solicitou a dispensa do depoimento à Polícia Federal (PF), marcado para esta terça-feira (1º), às 15h. Até a última atualização, o pedido ainda não havia sido apreciado pelo ministro Alexandre de Moraes.
O depoimento do advogado foi determinado por Moraes após indícios de tentativa de obstrução das investigações. Além de Cunha Bueno, também foram convocados:
Fábio Wajngarten, advogado e ex-secretário de Comunicação Social da Presidência;
Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro e réu no núcleo do plano golpista;
Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara.
A medida foi tomada após a defesa de Cid entregar à PF documentos apontando possíveis tentativas de interferência na condução do caso. Entre os relatos, está o da mãe de Mauro Cid, Agnes Barbosa Cid, que afirmou ter sido abordada três vezes por Eduardo Kuntz, uma delas na presença de Cunha Bueno, na Sociedade Hípica Paulista.
Segundo Agnes, as abordagens — entre agosto e dezembro de 2023 — buscavam persuadir a família a trocar os advogados de Cid. Ela classificou as tentativas como “constrangedoras”.
Em resposta, Cunha Bueno alegou frequentar regularmente a hípica, mas negou qualquer abordagem nesse sentido. Ele sustentou que, na época, o acordo de colaboração de Cid ainda não havia sido tornado público.
“Segundo a própria interlocutora e genitora do colaborador, o peticionário em nenhum momento buscou obter quaisquer informações acerca de eventual colaboração premiada do Cel. Cid que, diga-se, só veio a público a notícia de sua homologação por volta do dia 9 de setembro, portanto em momento razoavelmente posterior ao Torneio Indoor na Sociedade Hípica Paulista”, afirmou.
Sobre a suposta tentativa de interferência na defesa de Cid, Cunha Bueno reforçou que jamais sugeriu mudança de advogados. Ele apontou dois motivos: por representar Bolsonaro e por princípios éticos que impedem captação de clientes com defensor já constituído.
O advogado ainda classificou como falsas as declarações da mãe de Cid. “Os fatos, conforme descritos — tanto no corpo da petição quanto na declaração de próprio punho da Sra. Agnes —, foram proposital e evidentemente distorcidos, evidenciando o intuito de, de alguma forma, tentar garantir a manutenção da colaboração premiada de seu filho”, concluiu.
Foto: Rafa Neddemeyer/Agência Brasil
Por: Metro1