O senador Angelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPI das Fake News, recebeu R$ 40 milhões de recursos extras do orçamento do governo federal para execução de obras em seu reduto eleitoral. A verba consta na planilha informal obtida pelo jornal O Estado de S.Paulo, que registra repasses de R$ 3 bilhões para 285 parlamentares em troca de apoio aos candidatos do Palácio do Planalto nas eleições do Congresso.
Coronel é do PSD, partido fechado com o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e lidera a comissão que investiga a produção e distribuição de fake news por parte de grupos bolsonaristas. A legenda recebeu cerca de R$ 600 milhões, de acordo com o Estadão.
Dos R$ 40 milhões, R$ 30 milhões já foram destinados pelo governo às obras da Companhia de Desenvolvimento dos Vales dos Rios São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e R$ 10 milhões foram para o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs).
Ao Estadão, Coronel afirmou que não há qualquer relação entre os recursos e as eleições do Congresso. Segundo ele, é sua obrigação como parlamentar correr atrás de obras para seu estado. A verba, acrescentou, foi prometida desde 2019.
Ainda de acordo com o senador, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), manteve a interlocução para garantir os repasses, dados em 30 de dezembro.
“É quem assumia, tocava e solicitava e intermediava junto aos ministérios para atender aos pleitos dos parlamentares. A gente fala que precisa de ajuda nos municípios tais, tais e tais, e ele diz que vai ver e encaminhar. Isso aí, desde quando ele assumiu o Senado, tinha esse papel, que deveria ser até dos líderes, mas ele é quem fazia essa intermediação”, afirmou.
Coronel afirmou ainda que seguirá independente e não mudará sua postura na CPI das Fake News. Antes de a pandemia suspender as atividades do colegiado, Coronel fazia duras críticas ao governo Bolsonaro. O colegiado é formado por deputados e senadores, e as investigações iniciadas já identificaram que parte dos ataques virtuais contra adversários do Palácio do Planalto e membros do Judiciário teve como origem o computador usado por um assessor do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair.