A PF identificou trocas de mensagens de WhatsApp em que um assessor especial do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) intervém no setor de autos de infração do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em favor de um empreendimento agropecuário em Mato Grosso. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo.
Segundo a publicação, o assessor buscou garantir, no Ibama, o desembargo de uma área de propriedade rural, como mostram as mensagens reproduzidas pela PF. Isso extrapolou suas funções no Ministério do Meio Ambiente, segundo a polícia.
O Ibama tem poder para embargar uma área se constatar a prática de infrações ambientais, como o desmatamento ilegal recorrente.
O conteúdo dos diálogos faz parte da investigação que levou o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a autorizar a Operação Akuanduba, deflagrada na quarta-feira (19).
Nas mensagens do aplicativo de conversação, informa a Folha, o assessor especial do ministro também fez referência a uma “planilha da Petrobras”, mas a PF não identificou outros detalhes sobre o que se trata.
“Para quem do financeiro posso pedir atualização de valores, referente a uma planilha da Petrobras?”, quis saber o assessor especial do ministro, no grupo de WhatsApp dos servidores da Siam (Superintendência de Apuração de Infrações Ambientais) do Ibama.
As suspeitas envolvem Leopoldo Penteado Butkiewicz, auxiliar direto de Salles na pasta do Meio Ambiente.
Assim como o ministro, Butkiewicz foi um dos alvos da operação policial destinada a apurar crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando de madeira, extraída principalmente da Amazônia.
Para a PF, as mensagens de WhatsApp revelam que o assessor especial “exorbita claramente a esfera de suas atribuições, passando a configurar patrocínio direto de interesses privados de autuados perante a administração pública”.
A polícia chegou ao material com a ajuda de um servidor do Ibama, lotado na Siam.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa do Ministério do Meio Ambiente afirmou que o assunto deveria ser direcionado ao Ibama, o que foi feito. O Ibama respondeu que “os fatos serão plenamente esclarecidos nos autos do inquérito”.