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Bembé do Mercado, maior candomblé de rua do mundo, no recôncavo da Bahia

O tradicional Bembé do Mercado, maior candomblé de rua do mundo, é realizado até o próximo domingo (14), em Santo Amaro, no recôncavo baiano. A abertura foi realizada na quarta-feira (10) e neste ano, o evento reúne mais de 60 comunidades quilombolas e terreiros de religiões de matriz africana.

A cerimônia inicial contou com a presença da ministra da Cultura, Margareth Menezes, e do assessor especial da Secretaria de Turismo do Estado (Setur), Paulo Sobrinho.

A cidade vive dias de muita festa, com apresentação de dezenas de grupos culturais, como samba de roda, capoeira, Nego Fugido, Burrinha, puxada de rede, bumba-meu-boi e muito mais. Além de celebrações culturais e religiosas, a programação conta com rodas de conversa, palestras e exposições.

O ponto alto é no sábado, quando são esperadas cerca de cinco mil pessoas, de várias partes do país. Em 2023, o evento completa 134 anos de festejos, que celebram o fim da escravidão e reforçam a resistência do povo preto.

O Bembé do Mercado é reconhecido como Patrimônio Cultural Nacional desde 2019 e Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2012. Há quatro anos, tramita um processo na sede Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), visando o reconhecimento como patrimônio da humanidade.

“O Bembé é um símbolo nacional de nossa cultura e de nossa ancestralidade”, disse a ministra Margareth Menezes sobre a manifestação de matriz africana.

História

O Bembé do Mercado teve início um ano após a abolição da escravatura. A festa é reforçada pelos praticantes como um culto às divindades das águas representadas por Iemanjá e Oxum, sendo também momento de agradecer a proteção individual e coletiva.

São três momentos cerimoniais: os ritos ligados ao fundamento da festa (as cerimônias para os ancestrais, o Padê de Exu, o Orô de Iemanja e Oxum); o Xirê do Mercado; e a entrega dos Presentes destinados a Iemanjá e a Oxum.

Existem diversas teorias sobre o uso do nome Bembé, quase todas assentadas nos processos da diáspora africana – que é o nome dado à imigração forçada de homens e mulheres do continente.

Entretanto, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com os praticantes mais antigos, indica que o nome deriva de candomblé́.

Por g1

Foto: Tiago Queiroz/Setur