Após o Brasil bater a marca de 400 mil mortes por Covid-19, o infectologista e pesquisador da Fiocruz, Julio Croda, avalia que a situação do país continuará sendo de alta de óbitos e casos pelos próximos três meses, até agosto, ao menos.
Em entrevista à CNN nesta sexta-feira (30), ele disse que o período do inverno é mais propício para os vírus respiratórios: “A gente vai viver ainda junho, julho e agosto complicados. Na época do inverno, os vírus circulam mais intensamente, principalmente no sul e sudeste, que são as regiões mais populosas.”
Para Croda, o esforço da vacinação só começará a ter reflexos no último trimestre de 2022. “Para atingir a imunidade de rebanho, precisa de 70% ou 80% da população vacinada. Estamos muito longe disso. Nesse ritmo, só teremos mudança mais significativa no ano que vem, em 2021 ainda teremos muito sofrimento.”
Quebra de patentes de vacinas
O Senado aprovou na quinta-feira (29) um projeto de lei que permite a quebra de patentes de vacinas contra o novo coronavírus. Para Croda, o PL – que ainda depende de aprovação da Câmara dos Deputados e de sanção presidencial – não ajuda, se não houver transferência de tecnologia.
“Nosso principal problema não é a quebra da patente em si, é ter tecnologia para produzir essa vacina. A gente faz muito bem vacina de vírus inativado, mas se não temos capacidade tecnológica de produzir imunizantes que usam RNA, por exemplo, não adianta quebrar patente”, explicou.