Convidado do quadro ‘Mundo da Música’, do programa Altos Papos, na última sexta-feira, 3, o cantor, compositor e pedagogo feirense, Gilsam ‘Reggaeman do Brasil’, afirmou ter desistido de receber a Medalha Zumbi dos Palmares, na Câmara Municipal de Feira de Santana, após ter sido vítima de “racismo institucional” por parte de alguns vereadores.
A homenagem, proposta por Silvio Dias (PT), foi rejeitada em plenário, em agosto deste ano, por falta de quórum e abstenção de Evaldo Lima (MDB). Eram necessários 14 votos para aprovação e o parlamentar foi decisivo neste caso. Insatisfeito, Gilsam solicitou ao autor da proposta a retirada do projeto de lei da pauta do dia.
“No primeiro momento que eu vi a abstenção de um vereador e depois mais três outros que disseram ‘vamos derrubar o projeto’, aquilo me causou uma dor muito grande. Naquele momento eu chorei. Por ignorância e falta de conhecimento, associaram a Medalha Zumbi dos Palmares a coisas de macumbaria sem compreender de fato o que é macumbaria. Isso só comprova que, infelizmente, a gente vive em uma cidade, um estado e um país onde o racismo sistêmico, institucional, incide e prevalece”, criticou.
Para Gilsam, negar a Medalha a ele que tem quase quatro décadas como artista, 7 CDs gravados, incluindo a música “Interrogar”, criada em resposta a esse episódio, além de ter um currículo de doutorando e se dispor a ajudar em ações antirracistas, foi uma “falta de reconhecimento”.
“Foi terrível, nocivo, uma falta de reconhecimento como agora aconteceu com Jorge de Angélica. A cidade não tinha a dimensão da grandiosidade que foi Jorge de Angélica, então esse reconhecimento que é necessário ter”, pontuou.
Foto: Rafael Carvalho/Altos Papos
