A baiana Majur é o destaque da capa da Glamour Brasil deste mês, que celebra o orgulho LGBTQIAP+. Mulher trans, preta, natural do bairro de Uruguai, na Cidade Baixa de Salvador, Majur lançou, recentemente, seu segundo álbum “Arrisca”, que 12 horas após o seu lançamento já batia mais de 1 milhão de streams só no Spotify.
Em entrevista para a revista, a artista compartilhou sobre religião, desafios da carreira, momento atual, relacionamento, inspirações e muito mais. Na matéria, Majur conta que desde criança já estava inserida no meio musical, pois ouvia o pai tocar agogô. “Pegava escondido para tocar porque diziam que ‘era de macumba’, e o que eu sabia tocar era o “ijexá” (ritmo de Iemanjá). Sempre levei esse som comigo”, contou.
“Dia 2 de fevereiro de 2018 (dia em que Iemanjá é celebrada), fui para o mar depois de ter saído da igreja evangélica, onde passei muito tempo tentando ser algo que eu não era, decidi jogar uma rosa para Iemanjá e dizer a ela como me sentia. Naquele momento, eu já não tinha mais referência de qual Deus estava comigo, eu só sabia que estava. Nessa época, foi quando comecei a querer conhecer minhas raízes africanas”, revela Majur em um trecho.
Quanto ao novo álbum, a artista diz que é o pós de uma descoberta de tudo o que ela é. “Quando comecei, eu restringia minha imagem, e isso foi necessário para que as pessoas me enxergassem como artista, mesmo que eu não goste disso. Com Arrisca, vou além da poesia. Falo quem é, completamente, Majur. Falo sobre estar feliz, sobre o que eu penso, sobre o que eu gosto ou não. Não é mais sobre ser trans e sobre ser preta. É sobre ser eu mesma. Quem ouvir vai conhecer a Majur”, enfatiza.
Por BN Hall
Foto: Caia Ramalho
