Altos Papos

Chega a 106 o número de mortos pelas chuvas no Recife

Os bombeiros localizaram nesta terça-feira (31) mais seis corpos de vítimas de deslizamentos provocados pelas chuvas no Recife. O total de mortos chegou a 106. Ainda há dez desaparecidos.

No início da tarde, os bombeiros encontraram os corpos dos três últimos desaparecidos em Jardim Monte Verde – no limite entre o Recife e Jaboatão dos Guararapes – e encerraram os trabalhos de busca no local. Os corpos foram levados para serem identificados no IML.

Depois do fim dos trabalhos, a equipe do Jornal Nacional conseguiu chegar mais perto de onde aconteceu o deslizamento de terra. Onde havia mata e cinco casas, uma barreira deslizou e foi uma avalanche. A rua inteira ficou coberta de barro. Os bombeiros retiraram 13 corpos de um lado e dois corpos do outro lado. No terreno da casa de Elivan, ele, a mulher e o filho sobreviveram.

“Eu estava aqui, nesse terraço aqui de lado. Minha esposa estava aqui, tinha acabado de acordar. Meu filho estava aqui dormindo. (…) Eu acho que esse muro tem muita proteção. Quando a avalanche veio e bateu, estourou tudo. E esse terraço também, porque se ele tinha desabado, tinha ido para o outro lado da rua”, conta o motoboy Elivan José da Silva.

Jardim Monte Verde tem um longo histórico de problemas causados pela chuva. Os primeiros moradores chegaram na década de 1980. Em abril de 1987, vários moradores perderam a casa por causa da enchente e deslizamento de barreiras. Em março de 2009, parentes de Maria Vandeilza Ramos perderam tudo quando um deslizamento de terra atingiu a casa em que moravam.

“Foi levantado o muro já para proteger, porque a barreira estava correndo risco de ir arriando tudo. Quando a gente chegou, eu vi que ele estava afastado e pendendo. Aí eu corri para avisar a família, mas quando eles chegaram para tirar as coisas não deu mais tempo a nada”, contou Maria Vandeilza Ramos de Aguiar em 2009.

Maria Valdeilza sobreviveu àquela enchente. Infelizmente, pouco mais de uma década depois, o nome dela está na lista das 106 mortes confirmadas até agora. Outros três corpos foram encontrados nesta terça (31) na Vila dos Milagres, no Recife: pai, mãe e filha.

“Todos no mesmo cômodo. O que a gente observou. A mãe estava bem próxima a filha. Parecia que estava abraçada. E o pai bem ao lado”, diz o major Rafael Queiroz.

O número de mortes ultrapassou a quantidade de vítimas da cheia de 1975. Grande parte do Recife ficou submersa há 47 anos, quando o Rio Capibaribe transbordou. A água baixou dias depois, revelando a destruição; 104 pessoas morreram.

Os bombeiros ainda buscam três corpos na Vila dos Milagres. Dois deles são de parentes da auxiliar administrativo Adriana Bezerra. Ela não desgruda da corrente com medalhinha – uma lembrança da mãe dela.

“A angústia de cada dia que passa não encontrar é que corrói. Está corroendo por dentro. Tanto a mim quanto a meus parentes daqui do Recife, da Paraíba, e a gente está muito angustiado e eu tenho que estar forte diante do que está acontecendo, porque é a minha mãe”, lamenta Adriana Bezerra.

Por G1 | JN