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Covid matou 18 milhões, três vezes mais que saldo oficial da OMS, aponta estudo

A pandemia de Covid-19, declarada há exatamente dois anos, provocou a morte de 18,2 milhões de pessoas no mundo, revelou um estudo publicado nesta sexta-feira (11) na revista “The Lancet”. Oficialmente, segundo dados da OMS, a doença deixou entre o início de 2020 e o final de 2021 pouco menos de 6 milhões de mortos.

Mais de 6 milhões de pessoas morreram de Covid-19 no mundo, diz levantamento
Segundo os autores do estudo, “as estatísticas oficiais dão apenas um panorama parcial” da pandemia. Os especialistas reconhecem, no entanto, que o estudo precisa ser complementado com pesquisas adicionais.

Se os dados forem confirmados, a doença será uma das principais causas de mortalidade no mundo em 2020 e 2021. Os dados oficiais indicam 5,94 milhões de mortos no mundo entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021.

A taxa de mortalidade superior à média corresponde à diferença entre o número de mortes, independentemente da causa, e o número de óbitos previsto a partir de estatísticas anteriores. Os autores construíram uma base de dados a partir de informações fornecidas por cada país para prever o índice de mortalidade esperado se a pandemia não tivesse ocorrido.

Eles calcularam que “dos 12,3 milhões de óbitos suplementares às mortes por Covid contabilizadas, uma parte substancial ocorreu provavelmente devido a infecções provocadas pelo Sars-CoV-2”, vírus que originou a pandemia. Essas infecções derivadas da Covid não foram diagnosticadas de forma eficaz, afirmam os cientistas.
Por outro lado, devido à pandemia, pessoas com outros problemas médicos não puderam receber os cuidados adequados, ou tiveram problemas de saúde em consequência das medidas adotadas contra a pandemia.

Bolívia apresenta maior taxa de excesso de mortalidade
Os países andinos latino-americanos, a Europa oriental e central e o sul da África sofreram particularmente com a pandemia. Entre os países, a Bolívia é o que apresenta a maior taxa de mortalidade superior à média nesse período, segundo os autores do texto. Já Austrália e Nova Zelândia registram números inferiores ao nível habitual.

Outros estudos também indicaram um balanço de mortos pela pandemia de Covid muito maior. A revista The Economist contabilizou 17 milhões de óbitos em todo o mundo, em um artigo publicado em novembro de 2021. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que o excesso de mortalidade ligado direta ou indiretamente à Covid-19 poderia ser de duas a três vezes maior que o saldo oficial.

A OMS declarou a pademia há exatamente dois anos, em 11 de março de 2020, obrigando os países a agir para conter a propagação do vírus que continua a matar, apesar do avanço da vacinação em todo o mundo. Apesar da suspensão das restrições em várias regiões, a organização alerta que a panemia está longe de acabar.