Estudantes e professores do Instituto Federal Baiano de Catu (IF Baiano), desenvolveram um gel cicatrizante produzido com o leite extraído da mangaba, planta comum no litoral nordestino. O produto será comercializado, inicialmente para tratamento de ferimentos em animais domésticos, a partir da segunda semana de abril. Para humanos, a estimativa é que esteja disponível em junho, após autorização da da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) .
Com tempo médio de cicatrização em feridas recentes entre 2 e 10 dias, a eficácia do CicatriBio surpreendeu os pesquisadores. O professor e orientador da pesquisa, Saulo Capim, em entrevista ao programa Altos Papos, nesta quinta-feira, 30, contou que os estudos clínicos para o uso do gel em humanos foram realizados e o resultado foi positivo, já que, além da eficácia, não causa efeito adverso.
“Primeiro vamos iniciar as vendas na área veterinária. Para se colocar um produto na linha humana demora muito, pois depende de vários estudos. No Brasil, a gente tem pelo menos 87 mil animais de pequeno porte, entre cães e gatos, que têm algum tipo de ferida difícil de cicatrizar. Temos aí um mercado. Como os estudos mostraram que em animais a substância se mostrou eficaz. Colocamos o produto inicialmente na linha veterinária, atendendo a um público, e consequentemente isso vai fazer com que a máquina gire para termos capital necessário para poder ser colocado em humanos”, explicou.
A pesquisa nasceu de uma hipótese levantada por um estudante do Ensino Médio do IF Baiano. Através da observação de um corte numa árvore de mangaba, João Pedro de Oliveira percebeu o poder regenerativo do látex liberado pela planta. O que moveu a curiosidade do estudante foi a preocupação com a avó que sofre de diabetes. A dificuldade de cicatrização em pessoas diabéticas pode gerar feridas e até amputação de membros.
Além do creme, o consumidor terá também a possibilidade de acompanhar a evolução do tratamento através de um aplicativo desenvolvido pelos pesquisadores. Através de fotografias, a tecnologia usa a Inteligência Artificial (IA) para analisar as bordas e dimensões da ferida, calcular o diâmetro da lesão e assim oferecer ao paciente e profissional um meio mais preciso para acompanhar o processo de cicatrização.