Altos Papos

Delegado da PF ligado a Alexandre de Moraes é indicado a corregedor da Abin

A diretoria da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) escolheu o delegado da Polícia Federal (PF) José Fernando Moraes Chuy para comandar a corregedoria-geral da do órgão. Ligado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o policial terá entre suas atribuições a prevenção e apuração de irregularidades no campo administrativo da agência.

Diante disso, Chuy deve assumir eventuais procedimentos relacionados à “Abin paralela”, estrutura investigada pela PF por suposta espionagem ilegal de autoridades para atacar a credibilidade do sistema eleitoral, além de blindar os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele deve substituir a oficial de inteligência Lidiane Souza dos Santos, indicada ao cargo em 2022 pelo então diretor da Abin Victor Carneiro – aliado do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor-geral da agência e um dos alvos da investigação da estrutura de arapongagem.

A troca dos corregedores ainda não foi formalizada, mas o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, já autorizou a ida de José Fernando Moraes Chuy para a Abin. O mandato de Lidiane vai até 31 de agosto e poderia ser renovado por mais dois anos, mas em meio à mudança do governo Bolsonaro pelo governo Lula e às suspeitas que recaem sob a antiga gestão, optou-se por substituí-la.

A ida de mais um policial federal para um cargo do alto escalão da Abin incomoda os servidores. O atual diretor-geral, Luiz Fernando Corrêa, é delegado da Polícia Federal e foi diretor-geral do órgão no segundo governo Lula. O chefe de gabinete dele, Luiz Carlos Nóbrega Nelson, foi superintendente da PF no Rio Grande do Norte no governo Bolsonaro.

Trabalhos com Moraes

A relação de Chuy com Moraes vem desde 2016, quando o magistrado foi ministro da Justiça e Segurança Pública no governo de Michel Temer. Ele era secretário-executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, subordinado ao ministro da pasta. Já como ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o policial federal foi nomeado para chefiar a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação da Corte. Por lá ficou de maio de 2023 até junho deste ano, quando o ministro deixou o comando da Justiça Eleitoral para ser substituído pela ministra Cármen Lúcia.

O ministro ainda foi responsável por escrever o prefácio do livro “Operação Hashtag — A primeira condenação de terroristas islâmicos na América Latina”, publicado em 2018 e de autoria de José Fernando Moraes Chuy.

Por O Tempo

Foto: DE