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Fechada por Trump, agência enviaria R$ 94 milhões para a Amazônia

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês), fechada pelo presidente Donald Trump no começo de fevereiro, previa investir, pelo menos, US$ 16,2 milhões — cerca de R$ 94 milhões — em projetos de conservação da Amazônia.

Os dados foram obtidos pelo g1 junto ao site oficial do governo dos Estados Unidos que disponibiliza informações sobre os gastos federais.

Esses US$ 16 milhões já estavam aprovados pelos EUA. Os valores da USAID na Amazônia podem ser ainda maiores, a depender do que o Congresso americano aprovar no Orçamento para este ano de 2025.

A USAID é responsável por 42% de toda a ajuda humanitária no mundo.

A decisão de Trump está sendo questionada pela Justiça americana e o destino da agência ainda não está selado.

A verba que viria para a Amazônia fazia parte de uma série de medidas que o então presidente Joe Biden anunciou quando esteve no Brasil em visita à floresta, em 2024.

Projetos

Conservação da biodiversidade

O primeiro projeto suspenso, de US$ 9,2 milhões, foi autorizado em 17 de janeiro de 2025 para ser enviado à agência da USAID no Brasil para aplicar em trabalhos de desenvolvimento da conservação da biodiversidade na Amazônia. Fazia parte de uma iniciativa chamada “Alianças para a Amazônia”, e tinha prazo de 5 anos, até 2030.

À época, a Casa Branca informou que o programa ficaria sob a responsabilidade do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), da Colômbia, que até então ajudou a acelerar o desenvolvimento de 123 negócios na região que apoiam o desenvolvimento sustentável e a conservação da biodiversidade da Amazônia.

O governo americano ainda afirmou que o CIAT ajudou a conservar 39 milhões de hectares da Amazônia na América do Sul.

Rio Tapajós

Já a segunda proposta, de R$ 4 milhões, tinha como objetivo apoiar o projeto “Tapajós para a Vida”, que busca melhorar a conservação e o uso sustentável de áreas protegidas na Bacia do Rio Tapajós. O financiamento duraria por três anos, até 2027.

Em nota, a World Wide Fund for Nature Brasil (WWF) afirmou que a proposta era que a agência pudesse contribuir com apoio financeiro à comunidades vulneráveis da bacia hidrográfica do Tapajós, buscando desenvolver alternativas econômicas sustentáveis, como o turismo ecológico (veja íntegra ao final da reportagem).

Outros

Ainda havia previsão de desembolso de pouco mais US$ 3 milhões para outros projetos de preservação da floresta Amazônica que já estão em atividade e recebendo repasses da agência americana.

A parceria para financiamento desses projetos começou entre os anos de 2023 e 2024 e duraria até 2028.

O Centro de Trabalho Indigenista (CIT), que recebia recursos da USAID no projeto “Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas da Amazônia Oriental: Conservar, Proteger e Restaurar”, afirmou em nota ao g1 que “ainda aguarda manifestação oficial da Agência Americana para o Desenvolvimento – USAID sobre o assunto” e que “até o momento não recebemos nenhuma comunicação além de um informe da suspensão”.

Combates a incêndios florestais

Além dos projetos que sequer saíram do papel, a decisão de Trump ainda atingiu vários projetos em funcionamento, como parceria que treinava brigadistas brasileiros para combater incêndios florestais.

É o caso do Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, que é executado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS, na sigla em inglês) desde 2021, em parceria com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) e outros órgãos do país.

O programa forma brigadistas e oferece capacitação técnica para profissionais que já atuam na linha de frente do combate aos incêndios florestais.

Foram realizados ao menos 51 cursos e treinamentos em parceria com órgãos como o Ibama, a Funai e o ICMBio entre 2021 e 2023. Mais de 3 mil pessoas foram treinadas, principalmente mulheres indígenas, que passaram a atuar como brigadistas em seus territórios.

Fundo Amazônia

Outro recurso que seria destinado via USAID é o Fundo Amazônia, prometido pelo ex-presidente Joe Biden em duas oportunidades durante o governo Lula, o primeiro no começo de 2023 e o segundo durante visita do presidente americano à Floresta Amazônica.

Por G1

Foto: EFE/EPA/SHAWN THEW