Altos Papos

Importação de arroz pode prejudicar próxima safra brasileira, aponta associação

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) oficializou o adiamento do leilão de 104 mil toneladas de arroz, inicialmente marcado para esta terça-feira, 21. O governo pretende realizar o leilão para aumentar a oferta do produto no país, após as enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por quase 70% de toda produção nacional de arroz. A estratégia, no entanto, pode prejudicar a próxima safra do cereal, segundo a diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz),  Andressa Silva.

“Na nossa percepção, há outros caminhos mais eficientes do que a importação de arroz pelo governo. O volume de 100 mil toneladas é elevado e, a depender de como for feita essa importação, teremos no segundo semestre uma soma desse produto com o que já havia no mercado. Isso pode deprimir o preço do arroz e acabar desestimulando o agricultor para a próxima safra. Por isso, o ideal é que se adotem medidas que permitam a normalização da comercialização sem esse efeito superficial do produto”, disse em entrevista ao programa Altos Papos.

A intenção do governo é adquirir 104.035 toneladas do produto. O teto de gastos para a compra de arroz importado pelo governo é de R$ 416,14 milhões e o quilo do produto deve chegar à mesa do consumidor brasileiro por, no máximo, quatro reais.

Diante dos rumores sobre um possível desabastecimento e aumento de preços do arroz no país, alguns mercados na Bahia limitaram a compra do quilo do cereal por cliente, para evitar que os consumidores estoquem o produto. Mas, segundo a diretora executiva da associação que representa as indústrias do setor, não há possibilidade de desabastecimento de arroz no mercado nacional.

“Não há necessidade de estocar arroz. Não temos perspectiva de desabastecimento; há apenas uma possibilidade pontual de desabastecimento de uma marca por uma questão de dificuldade logística. No restante do ano, vamos ter uma normalidade da oferta do produto, inclusive com relação ao preço, porque já existe esse movimento da indústria e do governo. Por isso, não há necessidade dessa compra de pânico”, alertou.

Foto: divulgação