A primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, passou a divulgar agenda com seus compromissos oficiais, após cobranças por maior transparência acerca dos eventos com sua participação.
A publicação de sua agenda começou a ser feita nos stories de sua conta no Instagram. A primeira foi nesta segunda-feira (3), quando informou que participaria da sessão de abertura do ano do Judiciário -que também contou com a participação do presidente Lula (PT)- e na sequência se reuniria com o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), para tratar da Aliança Global contra a Fome.
Nesta terça-feira (4), a publicação informou sua participação no Encontro Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), também com a presença do presidente.
Apenas a rede social da primeira-dama foi usada. Nenhum site oficial do governo federal divulgou a agenda. Segundo a assessoria de Janja, a sua programação será divulgada diariamente em suas redes sociais.
A primeira-dama não tem a obrigação legal de divulgar diariamente uma agenda pública, por não ser ocupante de um cargo oficial. Mas essa é a primeira vez que uma primeira-dama despacha diariamente no Palácio do Planalto e participa de reuniões políticas de trabalho do Executivo.
Janja publicou um vídeo após o encontro com Wellington Dias. Além de imagem da reunião, em uma sala do Palácio do Planalto, ela comentou que esteve afastada por dois meses por causa da “questão de saúde do presidente”. Acrescentou que começou a semana bem com o encontro com o ministro e disse que vai nos próximos dias para Belém para falar sobre a COP e sobre o projeto relacionado a cozinha sustentável.
Desde 2023 já existia uma cobrança por maior transparência em torno de compromissos, participações e declarações de gastos da primeira-dama, cuja presença na agenda oficial de Lula passou a se intensificar.
Naquele ano, a Folha de S.Paulo levantou via LAI (Lei de Acesso à Informação) que, no período de 1º de janeiro a 28 de junho, a primeira-dama teve 86 compromissos registrados, incluindo reuniões com ministros até encontro com parlamentares e influenciadores.
As omissões e sigilos acerca dos gastos do governo federal com viagens e demais gastos da primeira-dama também são alvo de críticas à gestão e criaram a demanda por uma declaração mais clara das despesas e compromissos.
Em um caso recente, o governo federal recusou em quatro instâncias a responder um pedido de LAI para ter acesso a dados sobre o local de hospedagem e os gastos da primeira-dama em uma viagem a Nova York. Ela integrou na ocasião a comitiva brasileira do Ministério das Mulheres durante a 68ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher, da ONU.
Após a publicação de reportagem pela Folha de S.Paulo, o governo divulgou que ela se hospedou na residência oficial do Brasil na cidade americana.
A situação da primeira-dama vem sendo alvo de discussão dentro do Palácio do Planalto praticamente desde a sua posse. Janja já declarou que pretendia “ressignificar” o papel de primeira-dama. Ela esteve bem atuante nos preparativos da posse e, mais recentemente, foi uma das idealizadoras de um festival de música às margens da cúpula do G20, que ganhou o apelido de “Janjapalooza”.
Interlocutores no Palácio do Planalto afirmam que o governo já chegou a buscar uma solução para a situação de Janja, de modo que ela ocupasse um cargo oficial. No entanto, a medida vem sendo desaconselhada, pelo potencial de desgastes para o governo.
Um integrante do governo Lula lembra que, dependendo do status do seu cargo, ela poderia ser convidada a prestar esclarecimentos em comissões da Câmara dos Deputados ou Senado, com um potencial enfrentamento com a oposição.
Por Bahia Notícias
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil