Diante de uma onda de violência na Bahia, onde mais de 60 pessoas morreram em operações policiais no mês de setembro, e da crise na segurança pública no Rio de Janeiro, onde o domínio de facções criminosas prevalece nas comunidades, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) lança nesta segunda-feira o Programa Nacional de Enfrentamento às Organizações Criminosas (Enfoc).
O evento contará com a presença do ministro Flávio Dino e do secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, que concederão coletiva de imprensa após o evento.
De acordo com o Ministério da Justiça, a partir de um conjunto de ações, o programa tem o objetivo de gerar integração institucional e informacional entre as redes de enfrentamento, valorizar recursos humanos das instituições de segurança pública, fortalecer a investigação criminal e a atividade de inteligência e gerar expertise para a adoção de visão sistêmica das organizações criminosas.
Segundo informações do jornal Estado de São Paulo, o plano prevê quase R$ 900 milhões para o combate a organizações criminosas e se dá em cinco diferentes linhas: integração institucional e informacional; eficiência dos órgãos policiais; portos, aeroportos, fronteiras e divisas; eficiência da justiça criminal; e cooperação entre União, Estados e municípios e com órgãos estrangeiros.
O anúncio do programa ocorreu nesta sexta-feira no Rio pelo secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, que esteve na capital fluminense para firmar o apoio da Força Nacional à região do Complexo da Maré.
Conforme o secretário, a determinação é apoiar o Governo do Estado do Rio naquilo que julgar necessário e adequado, em apoio harmônico e integrado:
“O poder público precisa estar mais unido porque esse é um problema não só do Rio de Janeiro’, explica Cappelli, que continua: — Aquelas imagens são inaceitáveis. Treinamento de guerrilha urbana à luz do dia, criminosos andando com fuzis .50 à luz do dia, isso não é aceitável em nenhum lugar do mundo. Vamos atuar com inteligência, com proporcionalidade, respeitando a APDF (635), sem nenhuma ação pirotécnica ou espetacular. Inteligência, mínimo de efeito colateral possível
Cappelli afirmou, ainda, que os governos devem “afinar os ponteiros ao longo dos próximos dias” e que a ação deve ocorrer de “forma cirúrgica, com o mínimo de efeito colateral possível”, sem “gerar espetáculo”.
Ao longo da semana passada, o governo federal anunciou que oferecerá o envio de homens da Força Nacional de Segurança para combater o tráfico no conjunto de favelas. Também é possível o acionamento da Marinha do Brasil, já que a localidade está às margens da Baía de Guanabara, conforme divulgou o blog do jornalista Bernardo Mello Franco.
Outra medida do pacote de segurança é que a Polícia Rodoviária Federal passe a fazer patrulhamento ostensivo, numa tentativa de coibir arrastões e roubos de cargas, conforme também noticiou o colunista Bernardo Mello Franco. A medida é uma determinação do ministro Flávio Dino, após um ônibus da linha 771 (Campo Grande—Coelho Neto) ter sido alvejado com um explosivo, deixando três pessoas feridas.
Por O Globo
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil