O Ministério da Saúde forneceu máscaras impróprias para uso médico a profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à Covid-19. Segundo reportagem da Folha, parte dessas máscaras foi entregue à pasta por uma empresa cujo representante no Brasil é um executivo que atua no mercado de relógios de luxo suíços. O contrato com o governo federal foi assinado por ele.
Um documento do gabinete da presidência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), elaborado em 13 de janeiro e obtido pela Folha, aponta que as máscaras analisadas não eram indicadas para uso hospitalar. Mesmo assim, o ministério distribuiu o material e se recusou a substitui-lo, mesmo com a recusa de estados em usar os equipamentos. As máscaras são chinesas, do tipo KN95, e não oferecem vedação ou filtração adequada.
O mesmo documento afirma que o órgão recebeu diversas reclamações sobre a impropriedade das máscaras, avisou o Ministério da Saúde sobre a necessidade de atender às especificações dos fabricantes e fez um alerta sobre “riscos adicionais” a que estão sujeitos profissionais e pacientes. O posicionamento da Anvisa foi enviado ao Ministério Público Federal (MPF) em Brasília, que instaurou, em 3 de fevereiro, um inquérito civil para investigar a história.