Altos Papos

‘Modelo extremamente restritivo’, diz doutora em Educação sobre Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares

Na última quarta-feira (12), o Governo Federal anunciou o encerramento gradual do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), instituído no Brasil, em 2019. A pedagoga, mestra e doutora em Educação, Antonia Almeida Silva, afirmou ao programa Altos Papos, sexta-feira (14), que avalia positivamente a interrupção do Pecim. 

“Seria muito precipitado fazer qualquer tipo de julgamento e dizer que deu certo, o que eu insisto em dizer é que o Pecim é uma resposta insuficiente pelo alcance a que se propõe. Por mim, a interrupção é vista com bons olhos, mas me preocupa um pouco o fato de que essa interrupção gerou tanta insatisfação. Não conseguiu se enraizar e criar uma cultura escolar”, explica.

A pedagoga, que também é professora da Universidade Estadual de  Feira de Santana (Uefs), destaca que o modelo, caracterizado pela administração exclusiva das unidades por militares, além da participação no corpo docente, é restritivo e elitista. 

“Esse modelo foi saudado por alguns segmentos como a salvação, mas é extremamente restritivo. O programa foi criado com a meta de criação de um número muito pequeno de instituições. O que representa em termos de atendimento um modelo que visa atingir cerca de 200 mil alunos, quando existem 47 milhões. Portanto, é um modelo elitista”, afirmou. 

A Escola Cívico-Militar Quinze de Novembro é a única instituição que faz parte do programa, em funcionamento na Bahia. Localizada no distrito de Jaíba, em Feira de Santana, a unidade de ensino comporta 540 alunos, do sexto ao nono ano do Ensino Fundamental II. Mesmo com o encerramento do programa pelo Governo Federal, a prefeitura de Feira de Santana optou por manter o programa com recursos municipais. 

O Pecim era a principal bandeira do governo Bolsonaro para a educação. Quando foi lançado, em 2019, previa a instalação de 200 escolas neste modelo até 2023. Segundo o Ministério da Educação (MEC), 216 escolas aderiram ao modelo nas cinco regiões do país. De acordo com o presidente Lula, os estados possuem autonomia para decidir se continuam com o programa.

Foto: Rafael Carvalho/ Altos Papos