Altos Papos

Museu da Diversidade Sexual fecha após decisão da Justiça de São Paulo

O Museu da Diversidade Sexual anunciou, através das redes sociais, que fechará neste sábado “devido à decisão judicial”, o que impossibilita a abertura da exposição “Duo Drag” no final de semana. O espaço é vinculado à Secretaria da Cultura do estado de São Paulo e se destina principalmente a exposições de temática da comunidade LGBTQIA+.

A decisão judicial é do dia 8 de abril e tem como base ação movida pelo deputado estadual Gil Diniz (PL), apoiador do presidente Jair Bolsonaro. Em seu argumento, Diniz aponta possíveis irregularidades cometidas pelo Instituto Odeon, responsável pelo espaço, na administração do Theatro Municipal no ano de – cujo contrato à época foi rompido por reprovação das contas.

Segundo a Secretaria da Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo “a exposição Duo Drag, do Museu da Diversidade Sexual, foi adiada por decisão judicial que solicitou o fechamento da instituição”. “A pasta destaca que irá recorrer da decisão liminar, pois considera essencial o desenvolvimento de políticas de visibilidade da cultura LGBTQIA+”.

De acordo com a juíza Carmen Cristina Teijeiro e Oliveira, as circunstâncias apresentadas pelo deputado “colocam em dúvida a idoneidade do Instituto Odeon, bem como a incerteza quanto à existência de penalidades eventualmente aplicadas ao Instituto em razão do descumprimento contratual”.

A magistrada decidiu suspender o contrato da empresa com o estado ao considerar “a previsão de repasses mensais vultuosos para a gestão do Museu”, de R$ 300 mil e soma em torno de R$ 25 milhões ao longo do acordo.

No documento, Carmen Cristina Teijeiro e Oliveira não define uma data para o afastamento do Instituto Odeon da administração do museu. Por sua vez, o instituto não detalhou o motivo de fechar o espaço 22 dias depois de a decisão judicial ocorrer.

A exposição

O “Duo Drag” estava previsto para estrear neste sábado, com duração até junho. Com curadoria de Leonardo Birche, o trabalho inclui diversas artistas que são referências dessa representação, como Silvetty Montilla, Marcia Pantera, Kaká Di Polly, Miss Judy Rainbow e Lysa Bombom.

A mostra reúne fotografias de cinquenta Drag Queens que movimentam a cena paulistana desde os anos de 1980 até artistas iniciantes em suas carreiras, retratadas pelo fotógrafo Paulo Vitale. Conforme o comunicado oficial do museu, o início da exposição está adiado para nova data – ainda não informada.

A exposição contempla ainda um vídeo com entrevistas feitas com as Drag Queens, que compartilham fatos sobre suas carreiras, vidas e desejos. O visitante terá a oportunidade de conhecer e ouvir as pessoas que estão por trás das roupas e maquiagens.

Por O Globo