Uma pesquisa realizada na cidade onde surgiu a primeira variante da Covid-19 no Brasil, a de Manaus, teve resultados preliminares divulgados na semana passada e comprovou a eficácia da Coronavac contra a P.1. O teste foi realizado com quase 68 mil trabalhadores manauaras, da área de saúde, e mostrou também que a Coronavac tem eficácia de 50% na prevenção do vírus, depois de 14 dias da primeira dose.
Em entrevista ao Altos Papos, o Dr. Julio Croda, que é infectologista e pesquisador da Fiocruz detalhou a pesquisa. “A gente tem que entender se as vacinas continuam funcionando. Avaliamos em trabalhadores de saúde e provamos que ela tem a mesma eficácia para a nova variante de Manaus, então, isso nos dá tranquilidade, também para a população, para os serviços de saúde e o próprio Ministério continuar vacinando com a Coronavac”, afirmou.
Segundo ele, o método utilizado foi o acompanhamento de todos os trabalhadores vacinados desde janeiro. “Fizemos um estudo chamado “teste negativo”, um teste controle. Os trabalhadores de saúde foram vacinados e começamos a acompanhar eles no sentido de verificar se eles adquiriram a doença ou não, depois do início da vacinação que foi 19 de janeiro, e a partir destes números, de quem teve a doença ou não, a gente pôde estimar o risco e a partir daí, calcular a efetividade da vacina”, explicou.
O infectologista também falou sobre a eficácia da vacina Coronavac em diversas situações. “A vacina protege mais para o óbito, depois para a internação, em seguida para a doença assintomática e por último a infecção, então, se você previne 50% do adoecimento é importante. Nos dados do ensaio clínico, ele mostrou que previne 78% para as formas severas o risco de hospitalização, então, isso é um grande feito, um grande impacto. Sabemos que existem vacinas mais efetivas, de RNA, que previnem 90% do adoecimento, mas essa vacina é que foi adquirida pelo Brasil, é que temos disponível, 80% da população utilizou ela em todo o páís”, disse.
O Dr. Julio disse também que no estudo não conseguiu identificar se as pessoas que foram vacinadas com a primeira dose, tiveram menor índice de infecção. “Por isso que são dados preliminares, mas a gente trabalha em parceria com o governo de São Paulo e vamos poder responder se ela previne para hospitalização e quanto ela previne também para o óbito, que deve ser mais que 50%. Estes dados serão gerados na população de idosos, que mais estão sendo vacinados neste momento e pegaremos nas próximas duas ou três semanas e traremos para a população”, afirmou.
Em relação às informações que foram divulgadas por diversos veículos de comunicação na última semana, de que a Coronavac precisaria de uma terceira dose para garantir uma total imunização, ele afirmou que ainda é cedo para saber, principalmente por conta do surgimento de novas variantes. “É importante ter isso em mente, pois a gente não sabe por quanto tempo a imunidade vai durar depois quer tomamos a vacina, não sabemos se vamos precisar tomar a cada ano, a cada dois anos para gerar uma imunidade contínua em relação ao coronavírus, a gente não sabe se vão surgir novas variantes e, em algum momento precisaremos atualizar a vacina. É importante entender que a atualização é necessária, que precisamos introduzir estas novas variantes nela e dar uma dose de reforço e a vacina volta a ser eficaz. São adaptações que já ocorrem para a vacina da gripe, todos os anos são diferentes e deve ocorrer para o coronavírus também”, concluiu.