A Polícia Federal apontou a existência de uma “contabilidade paralela” que registrava valores de propina pagos por empresas interessadas em vencer licitações na Prefeitura de Sorocaba (SP). As anotações também indicam os nomes das pessoas que teriam recebido os valores. As investigações da Polícia Federal levaram ao afastamento de Rodrigo Manga (Republicanos) do cargo de prefeito de Sorocaba (SP) por 180 dias.
A TV TEM tiveram acesso aos documentos que mostram também como era o suposto esquema e a participação do cunhado de Manga, Josivaldo Batista de Souza, e do empresário Marco Silva Mott, que foram presos na segunda fase da Operação Copia e Cola, na quinta-feira, 6.
A movimentação financeira era anotada no bloco de notas do celular de Josivaldo e aponta um controle minucioso de valores supostamente ilícitos recebidos por meio de contratos com o poder público. A investigação revelou um registro financeiro mantido por Josivaldo, que foi classificado pela Polícia Federal como “contabilidade paralela”.
De acordo com o relatório da Polícia Federal, as anotações encontradas em um dos documentos apreendidos indicam registros de entradas e saídas de valores, acompanhadas de abreviações que identificariam a origem ou o destino do dinheiro.
Como o documento está dividido entre “entradas” e “saídas”, a PF concluiu que os valores anotados ao lado das abreviações nas entradas representam pagamentos de propina relacionados a contratos de empresas com a prefeitura.
Os investigadores apontam que as cifras foram anotadas de forma abreviada. Por exemplo, o registro “155 cmx” corresponderia a R$ 155 mil. Segundo o relatório, essa interpretação é reforçada por outros lançamentos, como “61.800 eteg” e “295.200 wc”, que aparecem sem abreviações quando possuem números diferentes de zero na casa das centenas.
Pagamentos ilícitos relacionados a contratos da prefeitura com o Consórcio Sorocaba Ambiental e/ou o Consórcio Novo Sorocaba Ambiental (CNSA) também constam no relatório. De acordo com a ivestigação, foram identificados seis lançamentos com à sigla “LX”, com valores que somam R$ 2,8 milhões. Os lançamentos ocorreram entre dezembro de 2024 e março de 2025. A investigação aponta que a sigla LX seria uma abreviação cifrada de “lixo”. Segundo o relatório, os valores poderiam corresponder a propinas pagas por empresas responsáveis pela coleta de lixo na cidade.
Os nomes de secretários e servidores municipais também são citados no relatório da PF. São eles:
- Clayton Cesar Marciel Lustosa (secretário do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte) – R$ 55 mil;
- Luciana Mendes da Fonseca (secretária de Administração) – sete saídas;
- Márcio Bortolli Carrara (assessor de gabinete na Secretaria de Governo) – ao menos três menções com valores de R$ 100 mil;
- Paulo Henrique Marcelo (assessor do Gabinete Central) – R$ 100 mil ;
- Marcelo Duarte Regalado (secretário municipal da Fazenda) – cinco saídas.
Os servidores aparecem na contabilidade paralela de Josivaldo como supostos beneficiários de pagamentos ilícitos ligados ao esquema de corrupção. Até o momento, porém, eles não são investigados pela Polícia Federal.






