O número de fumantes no Brasil voltou a crescer após duas décadas de queda constante. Para o pneumologista Paulo Corrêa, membro da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (ABEAD), essa tendência negativa pode ser atribuída à estagnação na política de impostos sobre o cigarro, juntamente com a suspensão da proibição do uso de aditivos — que modificam sabor e aroma.
“A gente tem clareza do que aconteceu no Brasil. Essa falta de política de preços e impostos, aliada aos aditivos, abriu as portas para os jovens que começam experimentando o narguilé. Uma sessão de 60 a 90 minutos de narguilé equivale a fumar 100 cigarros, por causa do excesso de monóxido de carbono”, alertou o médico, no Altos Papos desta terça-feira, 21.
Ainda segundo Paulo Corrêa, o uso simultâneo de diferentes tipos de cigarros também apresentou aumento, especialmente entre adolescentes.
“Existe um número grande de adolescentes usando três ou quatro produtos. Por exemplo, o uso triplo mais comum é a associação de cigarro eletrônico, cigarro comum e narguilé, que chega a 13,49%. O uso quádruplo mais frequente é de cigarro eletrônico, cigarro comum, narguilé e cigarro de palha, com 14,04%. Então, nós estamos com uma juventude altamente dependente de nicotina”, destacou.
Por Rafael Carvalho
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