Altos Papos

Presidente da CBF diz que pena por racismo contra Vini Jr foi branda

Em Orlando, nos Estados Unidos, com a delegação da Seleção Brasileira que se prepara para a Copa América, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, elogiou a condenação de três pessoas por atos racistas contra o atacante do Real Madrid e da Seleção Brasileira Vinícius Júnior. Mas classificou como branda a pena de oito meses de prisão.

“Particularmente, achei uma pena branda por algo que fere de forma mais profunda uma pessoa. Mas é uma pena. A CBF há algum tempo tem conversado com a Fifa, com a Uefa e com a Conmebol sobre penas mais fortes para casos de racismo. Tem se dado multas, que mudam muito de valor, eram punições muito tímidas, é preciso punições desportivas”, disse Ednaldo nesta segunda-feira, 10.

Em uma decisão histórica, três torcedores do Valencia foram condenados por terem chamado o jogador de “macaco”, no estádio Mestalla, em maio de 2023. Em março deste ano, a CBF fez um amistoso em Madri, contra a Espanha, no estádio Santiago Bernabéu, do Real.

O jogo, que terminou 3 a 3, teve como tema o combate ao racismo e houve críticas, de jornalistas e nas redes sociais, pelo Brasil topar jogar no país em que algumas pessoas cometem atos racistas contra brasileiros.

“Fomos criticados, mas nós fomos lá justamente para dizer isso, ‘racista, estamos aqui e isso um dia vai acabar’. Foi um importante passo dado essa pena, vamos continuar batalhando para acabar com o racismo no futebol e esse é a bandeira da CBF”, disse Ednaldo.

Em 17 de maio, durante o Congresso da Fifa na Tailândia, a direção da entidade apresentou algumas propostas de combate ao racismo. Uma delas foi solicitar a todos os países que tenham em suas legislações punições criminais a atos racistas.

A entidade também vai obrigar cada uma das 211 federações filiadas a terem em seus códigos disciplinares punições a clubes, entes do futebol e torcedores em casos de racismo, incluindo até eliminação de campeonatos e rebaixamentos. A CBF já incluiu isso em sua regulamentação.

Entenda

Em maio do ano passado, em confronto válido pela 35ª rodada da LaLiga, o Campeonato Espanhol. na temporada 2022/2023, muitos torcedores do Valencia chamaram Vinícius Júnior de “mono” (macaco, em espanhol). No entanto, apenas três foram identificados e julgados pela Justiça Espanhola.

Ainda conforme a LaLiga, os três torcedores estão proibidos de entrar em qualquer estádio por um período de dois anos e vão pagar as custas do processo.

Em suas redes sociais, o Real Madrid publicou um comunicado em que celebra a condenação dos torcedores do Valencia.

“Esta é a primeira condenação por atos desta natureza proferida por tribunais e tribunais criminais. O Real Madrid, que neste processo juntou a acusação privada com Vinícius Júnior, continuará a trabalhar para proteger os valores do nosso clube e erradicar qualquer comportamento racista no mundo do futebol e do desporto”, escreveu o clube merengue.

Em publicação nas redes sociais, Vinícius Júnior destacou sua luta antirracismo e agradeceu o apoio que recebeu do clube merengue e da liga.

Muitos pediram para que eu ignorasse, outros tantos disseram que minha luta era em vão e que eu deveria apenas ‘jogar futebol’. Mas, como sempre disse, não sou vítima de racismo. Eu sou algoz de racistas. Essa primeira condenação penal da história da Espanha não é por mim. É por todos os pretos”, escreveu Vini.

“Que os outros racistas tenham medo, vergonha e se escondam nas sombras. Caso contrário, estarei aqui para cobrar. Obrigado a LaLiga e ao Real Madrid por ajudarem nessa condenação histórica. Vem mais por aí”, finalizou o jogador, que se prepara com a Seleção Brasileira para a Copa América.

Por CNN Brasil

Foto: divulgação/CBF