Altos Papos

Preterida por Bolsonaro, primeira reitora da UFRB celebra nomeação: ‘nada como o tempo’

Primeira mulher a assumir a reitoria da  Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), a professora Doutora Georgina Gonçalves afirmou ao programa Altos Papos, nesta quinta-feira (3), que entende a escolha da comunidade acadêmica em reapresentar seu nome para o maior cargo da instituição como um ato de resistência. Gina, como é conhecida, encabeçava a lista tríplice  para a reitoria, em 2019, mas o então presidente Jair Bolsonaro decidiu não nomeá-la.

“O antigo Governo não respeitava as nossas instituições, mas nada como o tempo. Vivemos um momento de esperança. Ainda sentimos o impacto e repercussão não somente da não nomeação de reitores, mas também da crise política, social e sanitária. Hoje nós existimos, estamos aqui, a comunidade reafirmou essa disposição de resistência e de construir essa instituição democrática que é a UFRB”, explicou.

Em 2019, Georgina recebeu 17 dos 25 votos de diretores, professores, alunos e técnicos administrativos para ser a nova reitora. Foi a primeira vez, desde a criação da UFRB, em 2005, que uma reitora escolhida pela comunidade acadêmica não foi empossada. O Governo da época optou por Fábio Josué, que recebeu apenas 3 votos. Ele será vice-reitor na atual gestão, conforme a nomeação publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (2).

“O professor Fábio Josué naquela época foi de fato o terceiro colocado na lista tríplice, e o Governo da época, dentro do dispositivo legal, o escolheu para dirigir a Universidade, não respeitando a vontade da comunidade. Nada mais justo do que reconhecer o papel que o professor Fábio desempenhou nesses 4 anos para a nossa comunidade e nosso projeto”, afirmou.

Georgina Gonçalves é graduada em Serviço Social pela Universidade Católica do Salvador (1992), mestre em Educação pela Universidade Federal da Bahia (2001) e doutora em Sciences de l’Éducation – Université de Paris VIII (2006). Professora Associada da UFRB desde 2009, dirigiu o Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), entre 2011 e 2015, e foi vice-reitora da instituição entre 2015 e 2019. 

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