Altos Papos

Redução populacional da China pode ser “perversa para a economia”, avalia professor de Relações Internacionais

Em entrevista ao programa Altos Papos, nesta terça-feira, 31, o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Paulo Velasco, avaliou que a redução populacional da China pode trazer impactos significativos para a economia interna do país e, com o passar do tempo, afetar outras nações.

“A China é um país que se colocou nas cadeias globais de valor como um grande fornecedor de produtos, tendo uma participação fundamental e ativa nas cadeias de suprimento, tecnologia, e em várias outras frentes. No último ano, por lá, houve mais mortes do que nascimentos e isso revela um problema demográfico. Se continuar assim, nos próximos anos, isso pode ser perverso para a economia do país e, consequentemente, para o mundo. Há impactos imediatos na questão previdenciária da China, por exemplo. Em uma população progressivamente envelhecida, com menos jovens trabalhando para custear as pensões e aposentadorias dos mais velhos. Além disso, reduz a mão de obra dentro do país”, explicou. 

Para o Brasil, que possui relações comerciais importantes com o país asiático, os efeitos da redução da população chinesa não devem provocar impactos, em curto prazo. 

“Para o Brasil é uma preocupação, talvez, um pouco menor do que para outros países. Desde 2009, a gente considera a China o maior parceiro comercial do país e, de longe, o maior comprador de produtos brasileiros. Podemos entender uma tendência para os próximos anos desse envelhecimento constante da população chinesa. É sabido que a população mais velha tende a consumir menos do que uma população mais jovem, e isso pode ter um impacto no consumo interno da China, em termos de compra e aquisição de produtos. E isso gerar prejuízos para o Brasil. Embora o que a gente vende mais para a China são produtos primários, commodities fundamentalmente”, avaliou. 

Após 60 anos, a China registrou, em 2022, mais mortes que nascimentos. O país asiático possui o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo e a maior população mundial. Mais de 1,4 bilhão de pessoas vivem na China, atualmente.