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Rússia interrompe fornecimento de gás natural à Finlândia neste sábado (21)

O gás natural russo deixa de ser enviado para a Finlândia a partir das 7h (horário local) deste sábado (21), informou a empresa estatal finlandesa Gasum em comunicado na sexta-feira (20). Este é o terceiro país europeu que tem o fornecimento do combustível cortado por se recusar a aceitar o pedido do Kremlin de pagamento em rublos –a moeda oficial russa.

A Polônia e a Bulgária sofreram a sanção no fim de abril pelo mesmo motivo –algo que os líderes da União Europeia (UE) descreveram na época como “chantagem” de Moscou.

“É altamente lamentável que o fornecimento de gás natural sob nosso contrato de fornecimento seja interrompido agora”, disse o CEO da Gasum, Mika Wiljanen, acrescentando que a empresa está “se preparando cuidadosamente para essa situação”.

No início desta semana, a estatal alertou que estava se preparando para que a Rússia fechasse as torneiras do gasoduto depois de ter se recusado a atender à exigência do presidente Vladimir Putin de que países “hostis” paguem pelo gás em rublos, em vez de euros ou dólares declarados em seus contratos.

A Finlândia anunciou formalmente no último domingo (15) a intenção de ingressar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), abandonando décadas de neutralidade e ignorando as ameaças russas de possível retaliação.

A gigante estatal russa de gás Gazprom não respondeu imediatamente à CNN Business quando solicitada a comentar a situação.

De acordo com a Agência Internacional de Energia, 68% do gás natural consumido na Finlândia em 2020 foi proveniente da Rússia. Porém, as importações de gás da Rússia representam apenas 3% do mix total de energia do país nórdico –que inclui energia gerada a partir de biocombustíveis e fontes nucleares– de acordo com dados do Eurostat e da Rede Europeia de Operadores de Sistemas de Transmissão de Gás.

Wiljanen, o CEO da Gasum, disse que a empresa “será capaz de fornecer gás a todos os [seus] clientes nos próximos meses”, desde que não haja interrupções na rede de transporte de gás, mas acrescentou que o inverno será “desafiador”.

A vice-presidente da Gasum, Olga Väisänen, afirmou à CNN que a Finlândia também está recebendo gás através de sua conexão com o Báltico via Estônia. O gasoduto liga a rede de transporte de gás finlandesa à da Estônia e permite acessar o armazenamento subterrâneo na Letônia.

A Gazprom informou a seus clientes que eles devem abrir duas contas no Gazprombank –uma em euros e a segunda em rublos, a partir das quais os pagamentos do gás seriam feitos.

Desde então, autoridades da UE, governos nacionais e empresas de energia lutam para entender se o novo mecanismo de pagamento viola as sanções à Rússia.

Alguns dos gigantes da energia da Europa iniciaram o processo de abertura de novas contas. A gigante italiana de energia Eni (E) disse na terça-feira (17) que planeja fazer a abertura das duas contas no Gazprombank.

Mas a Comissão Europeia insiste que a orientação emitida na semana passada proíbe os compradores de abrir uma conta em rublos. O porta-voz do órgão, Eric Mamer, alertou em uma coletiva de imprensa na terça-feira que tal medida violaria as sanções.

“Qualquer coisa que vá além de abrir uma conta na moeda do contrato com o Gazprombank, realizar um pagamento nessa conta, e depois emitir uma declaração dizendo que você finalizou o pagamento, infringe as sanções”, pontuou.

Alguns países precisam urgentemente de uma solução à medida que a situação se complica. A Alemanha, a maior economia do bloco europeu, depende fortemente do gás russo para abastecer suas casas e indústrias, embora tenha conseguido reduzir a participação da Rússia em suas importações de 55% para 35% antes do início da guerra.

No início desta semana, a UE disse que gastaria 210 bilhões de euros (US$ 222 bilhões) para acabar com o consumo de petróleo e gás russos.

O plano, denominado “REPowerEU”, visa reduzir o consumo de gás da Rússia em 66% antes do final deste ano – e romper completamente sua dependência antes de 2027 – economizando energia, encontrando fontes alternativas e acelerando a transição para energias renováveis.

Por CNN Brasil