Se o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, aceitar a justifica dada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para barrar a importação da Sputnik V será preciso “virar a página e deixar o Brasil mais alguns meses sem vacina”.
Essa é a análise do secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, que tem criticado duramente a decisão da agência de não autorizar no Brasil a aplicação do imunizante contra a Covid-19 produzido na Rússia.
“No meu modo de ver, a decisão de ontem [segunda-feira, 26] não atende a decisão do ministro Lewandowski. Não provê informações de riscos, de ameaça, apenas faz alusão a potenciais riscos que não estão sendo confirmados na prática”, disse nesta terça-feira (27), em entrevista ao Jornal da Manhã, da TV Bahia.
A decisão de manter a reprovação da importação do imunizante, sinalizada por Vilas-Boas, foi apresentada pela agência em relatório no qual foram apontados falta de documentação e possíveis riscos à saúde. O ministro do STF, contudo, ao questionar decisão, havia imposto à agência a comprovação da ineficácia da vacina.
“O ministro foi muito claro, disse que a Anvisa não pode simplesmente continuar a dizer que há a ausência de documentos, de benefícios, de segurança. E o que assistimos na apresentação dos diretores da Anvisa é um desfile de tecnicialidade batendo nas mesma tecla: ‘não sei, tenho receio’”, destacou.
“A Sputnik é a vacina principal da Argentina. Não estamos vendo os hermanos morrerem ou virarem Jacaré. A Sputnik para os argentinos é a CoronaVac para os brasileiros. Com a diferença de que a CoronaVac sequer tem uma publicação numa revista científica internacional. Ninguém prestou atenção a isso, mas a Anvisa aceitou a CoronaVac sem estar publicado os resultados da fase 3. Há incoerências”, acrescentou o secretário.
Enquanto a discussão segue no STF, a Bahia continua impedida de validar acordo com a Rússia e adquirir as 9,7 milhões de doses da Sputnik V. “Se o ministro entender que a Anvisa foi clara e que há evidências suficientes de que justifique a não importação, vamos virar a página e deixar o Brasil mais alguns meses sem vacina, com o agravante de termos um apagão de vacinas no país”, afirmou, lembrando em seguida que a Índia (AstraZeneca) passa por momentos críticos no combate à Covid-19 e desejando que não haja um novo surto na China (CoronaVac).