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Trump reduz tarifas sobre a China e Xi aceita trégua na exigência sobre terras raras

O líder da China, Xi Jinping, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniram na manhã de quinta-feira, 30, noite de quarta, 29, no horário de Brasília, e decidiram pela redução das tarifas dos EUA sobre produtos chineses para, em média, 47%, uma diminuição de cerca de 10 pontos percentuais.

Em troca, Pequim prometeu trégua na medida que exige licença para exportar produtos com terras raras chinesas, a retomada das compras de soja de agricultores americanos e tomar ações contra o comércio ilegal de fentanil.

“Achei que foi uma reunião incrível”, disse Trump a repórteres em seu avião presidencial. Xi afirmou que a relação entre os países mantém a “estabilidade geral” e que ambos não devem cair em um “ciclo vicioso de retaliação” um contra o outro, de acordo com a agência de notícias oficial Xinhua.

As medidas divulgadas pelo presidente americano foram anunciadas no voo de volta a Washington.

Em entrevista à emissora de televisão Fox Business Network, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, comentou que o acordo pode ser assinado na próxima semana. “Espero que troquemos assinaturas possivelmente já na próxima semana”, indicou.

Os líderes ainda concordaram em realizar visitas de Estado recíprocas no ano que vem. O americano será esperado em Pequim em abril, enquanto Xi deve ir à capital dos EUA ou a Palm Springs, na Flórida, depois disso.

O acordo, anunciado após a reunião entre os líderes, que ocorreu a portas fechadas na Base Aérea de Gimhae, em Busan, na Coreia do Sul, coloca fim às negociações das sobretaxas impostas por Trump em abril e apazigua a instável relação comercial entre os países, marcada por disputas científicas, militares e tecnológicas.

A escolha da cidade se deu por ser próxima a Gyeongju, onde líderes de Estado da região participam da cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em português). As negociações entre Xi e Trump ocorreram à margem do evento.

Segundo o Peterson Institute for International Economics, entidade que realiza análises sobre a guerra comercial entre os países, até setembro as tarifas de Washington sobre produtos chineses eram de, em média, 57,6%. Já as de Pequim sobre itens americanos tinham cifra inferior, com média de 32,6%.

Em abril, quando Trump anunciou as primeiras sobretaxas, as tarifas impostas pelos EUA chegaram a 147,6%, enquanto as determinadas pelo país asiático tiveram pico de 135,3%.

Com compromisso da China em relação ao fentanil, o americano diminuiu de 20% para 10% as tarifas relacionadas ao opioide.

Com relação às terras raras, um dos principais pontos de tensão dos americanos, as medidas ficam, então, suspensas por um ano. Isso significa que empresas que fabricam produtos que contenham terras raras chinesas já não precisam de uma licença de exportação de Pequim para vender seus produtos para fora do país.

A regra, considerada agressiva por Trump, fez com que ele ameaçasse tarifas adicionais de 100% caso os países não chegassem a um entendimento. Mesmo antes da conversa entre os mandatários, porém, os EUA já haviam retirado a ameaça.

Bessent afirmou que o risco foi anulado nas negociações que ocorreram entre os países em Kuala Lumpur, na Malásia, de forma paralela à cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, em português), da qual Trump participou.

Foto:  Evelyn Hockstein/Reuters

Por Folha de SP