O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez mais uma postagem em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta terça-feira (8). Na Truth Social, o republicano escreveu que Bolsonaro deve ser “deixado em paz” e voltou a usar a expressão “caça às bruxas”.
“Deixem o grande ex-presidente do Brasil em paz. Caça às bruxas”, disse em publicação.
Na segunda (7), Trump já havia feito uma postagem defendendo o ex-presidente. O republicano disse que Bolsonaro é alvo de perseguição, também na Truth Social. Nessa nova manifestação, Trump compartilhou o post anterior.
O Palácio do Planalto respondeu ao primeiro recado de Trump, em nota, sem citar diretamente o presidente americano (leia mais abaixo). Lula também se manifestou após a publicação do americano e, sem citá-lo diretamente, afirmou que não aceita “interferência ou tutela de quem quer que seja”
Trump disse que o Brasil está fazendo “algo terrível” no tratamento dado ao ex-presidente, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado após perder as eleições para Lula (PT) em 2022.
Sem mencionar diretamente as ações judiciais contra Bolsonaro, Trump disse que vai acompanhar de perto o que acontece no Brasil e que o ex-presidente “não é culpado de nada”.
“O grande povo do Brasil não vai tolerar o que estão fazendo com seu ex-presidente. Vou acompanhar muito de perto essa CAÇA ÀS BRUXAS contra Jair Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores”, escreveu.
Após a primeira postagem de Trump, Bolsonaro agradeceu ao aliado pela mensagem, que disse ter recebido com “alegria”.
O ex-presidente disse que Trump, “ilustre presidente e amigo”, passou por “algo semelhante” nos Estados Unidos, tendo sido “implacavelmente perseguido”.
Por outro lado, em nota assinada pelo presidente Lula, o Palácio do Planalto respondeu ao post de Trump.
“A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei. Sobretudo, os que atentam contra a liberdade e o Estado de Direito”, diz o comunicado.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu a fala de Trump e disse que o presidente americano “deveria cuidar dos seus próprios problemas” e que “está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro.”
Em dois julgamentos em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível por 8 anos, por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação.
A Justiça Eleitoral entendeu que a reunião com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, teve uso eleitoral. No encontro, Bolsonaro fez afirmações sem provas sobre o sistema eleitoral brasileiro. O encontro, ocorrido em julho de 2022, foi transmitido pela TV oficial do governo.
Atualmente, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, está morando nos Estados Unidos, após se licenciar do cargo de deputado federal em março. Desde então, tem dado entrevistas e feito postagens nas redes sociais em que alega ser alvo de perseguição política no Brasil.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Eduardo tem articulado para que o governo americano imponha sanções a integrantes do Supremo Tribunal Federal. Em maio, ele passou a ser investigado por sua atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.
Eduardo também se reuniu com o deputado republicano Cory Mills, da Flórida. Após o encontro, Mills afirmou em uma audiência no Capitólio que o Brasil enfrenta um “alarmante declínio dos direitos humanos” e cogitou a aplicação de uma lei para punir o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Por g1
Foto: Reuters/Tom Brenner