Donald Trump depositou presencialmente seu voto nas eleições dos Estados Unidos nesta terça-feira (5), em West Palm Beach, na Flórida. Em seguida, falou com jornalistas e tocou no assunto que gera mais expectativa em torno de sua conduta nessa disputa: o reconhecimento de uma eventual derrota para a democrata Kamala Harris.
“Se for uma eleição justa, eu seria o primeiro a reconhecer”, disse o republicano, embora não tenha deixado claros os seus critérios para considerar o pleito justo.
O candidato disse ainda que não tinha planos de dizer a seus apoiadores que se abstenham de violência caso seja derrotado por Kamala. Isso porque, segundo ele, não há necessidade para tanto.
“Não preciso dizer isso a eles porque eles não são pessoas violentas”, afirmou.
O registro histórico aponta em outro sentido. Em 6 de janeiro de 2021, quando o Congresso americano se preparava para certificar a vitória de Joe Biden nas eleições, Trump fez um discurso inflamado em Washington e insuflou uma multidão de apoiadores a invadir o Capitólio. Cinco pessoas morreram naquele dia, e os EUA testemunharam o que foi considerado o maior ataque à democracia na história do país.
“Eu acredito que teremos uma grande vitória esta noite”, prosseguiu o republicano. “Me sinto muito confiante. Parece que os republicanos apareceram com força.”
O republicano celebrou ter visto filas nos centros de votação. Questionado sobre como votou no plebiscito a respeito da liberação do aborto, recusou-se a responder e disse ao repórter que parasse de falar sobre o assunto —o tema é espinhoso para sua campanha e tem sido usado como uma bandeira de Kamala contra o adversário.
O ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca aterrissou em seu estado de residência pouco depois das 6h do horário local (8h em Brasília). Seu último evento de campanha, em Grand Rapids, no Michigan, começou depois da 0h na véspera (2h de terça, em Brasília) —ele ainda tinha viajado à Carolina do Norte e à Pensilvânia, outros dois estados-pêndulo, mais cedo.
Se o público dos primeiros comícios do dia pareceu esvaziado segundo relatos da imprensa americana, a plateia da Van Andel Arena, em Grand Rapids, encheu.
Trump aproveitou o auditório lotado para reforçar suas propostas para temas-chave entre o eleitorado, como economia e migração. “Com seu voto amanhã, podemos resolver todos os problemas que nosso país enfrenta e levar os EUA —o mundo, na verdade— a novos patamares de glória”, afirmou o republicano, prometendo uma nova “era de ouro”.
Emocionado, ele ainda disse à plateia que aquele seria “o último comício que teremos que fazer”. Foi na mesma Grand Rapids que o empresário encerrou suas duas campanhas anteriores, em 2016, quando saiu vitorioso, e em 2020, quando perdeu para democrata Joe Biden.
E, embora venha estimulando narrativas de fraude caso saia derrotado destas eleições, ele já afirmou que não planeja concorrer novamente à Presidência se não vencer.
O republicano assistirá à contagem de votos no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, junto com a sua campanha. O xerife do condado, Ric Bradshaw, disse à imprensa local que a expectativa é de que o candidato chegue lá em algum momento entre 22h e 23h30 (0h e 1h30 de quarta em Brasília).
Não se sabe se seu candidato a vice, J.D. Vance, estará presente, uma vez que ele não divulgou nenhum evento em sua agenda, segundo reportou o site americano Politico.
Já os assessores de Kamala Harris anunciaram que ela acompanhará a apuração no campus da Universidade Howard, em Washington, pela qual a vice-presidente se formou em 1986. A instituição, apelidada de “Harvard Negra”, é considerada um bastião da intelectualidade afro-americana.
O vice da chapa democrata, Tim Walz, deve se reunir a ela após participar de um evento em Harrisburg, na Pensilvânia.
A vice-presidente e candidata democrata à Casa Branca não deve ser vista comparecendo às urnas neste dia de eleição, aliás. No domingo (3), ela disse que votou antecipadamente, assim como cerca de 40% do eleitorado americano neste pleito.
Por Folha de SP
Foto: Brian Snyder/Reuters