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União Brasil: Divisões internas no partido dificultam projeto único para a eleição presidencial

Criado já com o status de maior partido do país, e com um fundo eleitoral de quase R$ 800 milhões, o União Brasil virou alvo da cobiça dos principais pré-candidatos à Presidência e, após definir os comandos regionais, convive com conflitos internos que devem levar à saída de parlamentares. O cenário de fragmentação, com alinhamentos ideológicos distintos nos diretórios espalhados pelo país, projeta uma campanha em que dificilmente o partido marchará unido com um só nome ao Palácio do Planalto.

A indefinição sobre a identidade nacional do partido abriu brecha para uma ofensiva do ex-presidente Lula (PT) em busca de apoios pontuais do União Brasil, que nasceu da fusão de duas siglas, DEM e PSL, majoritariamente refratárias aos petistas. O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pré-candidato do Podemos, o ex-juiz Sergio Moro, também disputam entre si palanques regionais do partido.

Lula vem tentando construir uma aproximação com o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, egresso do DEM e lançado à reeleição com apoio do bolsonarismo local. Aliados de Mendes como o senador Carlos Fávaro (PSD-MT) e o deputado Neri Geller (PP-MT), pré-candidato ao Senado, abriram diálogo com o PT local, sob orientação do ex-presidente.

O movimento de Lula aproveita também uma fissura na base de Bolsonaro no estado. Com a filiação do presidente, o PL passou a articular um palanque local para Bolsonaro com adversários do governador, como o senador Wellington Fagundes (PL-MT) e o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), cujo filho, o deputado federal Emanuelzinho, se filiou à sigla.

— A intenção de Lula é fazer um grupo suprapartidário de reconstrução nacional. Estamos buscando muita gente, inclusive do PP e PSD, e essas pessoas já conversaram com o governador — disse a deputada federal Rosa Neide (PT-MT).

Lula também pode estar em palanques com o União Brasil na Paraíba e em Sergipe, onde o partido articula candidaturas ao Senado na chapa dos governadores João Azevêdo (Cidadania) e Belivaldo Chagas (PSD), que apoiam o ex-presidente. Em ambos os casos, porém, o PT local quer montar palanques de oposição aos governantes.

Fonte: O Globo