Anunciado pelo prefeito Bruno Reis para a próxima sexta-feira (27), o evento-teste para retomada do setor do entretenimento não vai acontecer no momento e formato ideal, pelo menos para os especialistas. “Me parece um desperdício de recursos e de tempo, porque o evento não vai refletir a realidade”, aponta a médica infectologista Aline Abreu.
A crítica da médica diz respeito a um dos principais pontos do protocolo para o teste. Os 500 convidados vão ficar separados em lounges com quatro pessoas, com uso obrigatório de máscara. “Não é o que acontece nas festas, nos eventos de verdade. Em qualquer festa as pessoas comem e bebem e não ficam separadas. Por isso esse evento não vai trazer informações da realidade. É só ver o que aconteceu no último final de semana”, acrescenta a médica.
Pesquisadora da Fiocruz, a infectologista Fernanda Grassi acrescenta que o evento pode transmitir uma mensagem errada para a população. “Um evento como esse agora pode dar a entender que estamos em uma fase de controle da pandemia, o que não é verdade”, acredita. “Também ainda não sabemos como a variante Delta vai se comportar aqui. Não há porque não chegar, e é necessário duas doses para barrá-la. Na minha opinião seria mais prudente aguardar algumas semanas”, acrescenta Grassi.
Para ambas as médicas, a Bahia ainda apresenta baixa cobertura vacinal, o que justificaria o adiamento do evento. “A gente precisa que as pessoas se vacinem. Pela faixa etária da cidade a gente deveria estar com uma cobertura vacinal maior. São justamente as pessoas mais jovens, que desejam as festas, que querem Carnaval, Réveillon, que estão deixando de se vacinar”, completa Abreu.
A especialista acredita, ainda, que também o público que participará do evento-teste não pode ser considerado uma mostra da população geral. “São pessoas convidadas, que estão pelo menos com uma dose, e orientadas a ficar a maior parte do tempo de máscara, a cumprir os protocolos. Não é assim que acontece normalmente”, finaliza.