O vereador da cidade de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil) tem recebido fortes críticas em suas redes sociais depois de propor uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar ONGs (Organizações Não Governamentais) que fazem trabalho social na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo. Entre os alvos está o Padre Júlio Lancelotti.
No pedido, Rubinho diz que a comissão tem a “finalidade de investigar as Organizações Não Governamentais que fornecem alimentos, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia”.
A reação em suas redes foi imediata. “Perseguindo cristãos?”, questionou uma usuária das redes. “E você, o que tem feito para acabar com a miséria?”, perguntou outra.
“Rubinho pediria explicações para Jesus Cristo. Que história é essa de multiplicar peixe e dar para pobre comer?!”, brincou outro, em tom crítico.
Nunes é ex-integrante do Movimento Brasil Livre (MBL). Ele também atuou como advogado do ex-deputado estadual Arthur do Val, o Mamãe Falei – que foi cassado pela Alesp em 2022.
Já Padre Julio trabalha junto à população de rua e teve aprovada em 2023 uma lei nacional com seu nome. O texto proíbe a instalação de arquitetura hostil contra a população em situação de rua.
Em relação à CPI, Rubinho negou que persegue Padre Julio ou a Igreja Católica ao pedir a investigação do religioso, que não faz parte do quadro societário e decisório de nenhuma Organização Não Governamental, como citado no foco de atuação da comissão.
“O padre Júlio não é uma igreja. É uma pessoa que explora a miséria no Centro de SP. Inclusive ele não é uma unanimidade dentro da Igreja Católica. É uma figura controversa. Ele atua diretamente ligado a essas ONGs. Mas só que, assim como alguns picaretas à moda antiga, que se baseiam em laranjas e empresas de fachada, ele se vale de pessoas que tocam as ONGs”, declarou.
Padre Julio disse que “criminalizar o trabalho com população de rua e dependência química é tentar tirar o foco da questão da Cracolândia” e questionou: “Se eu morrer hoje ou amanhã, a Cracolândia vai desaparecer?”. A Arquidiocese de São Paulo e diz “perplexa” com proposta de CPI contra o padre e que proposta é “perseguição injustificada para atrair voto”.
Por G1
Foto: Luiz Carlos Murauskas/Folhapress