A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deu uma entrevista exclusiva à Folha de São Paulo em que criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou ter certeza da sua prisão, mas pediu trégua da direita ao STF (Supremo Tribunal Federal). Para ela, o foco da oposição deve ser bater no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Tenho dito que, como deputada, minha briga não pode ser a mesma da legislatura passada. Eu tinha o papel de defender Bolsonaro e o governo, qualquer um que os atacasse tinha que virar um alvo meu. Nesta legislatura, Bolsonaro não é mais presidente, então nosso alvo tem que ser Lula, seus feitos e desfeitos”, afirmou.
Zambelli ainda lembrou os atos terroristas do dia 8 de janeiro, quando radicais bolsonaristas invadiram as sedes dos Três Poderes e deixaram um rastro de destruição.
“Depois do dia 8, estou sendo bem mais cuidadosa para não ter mais pessoas se enganando. A gente está em outro patamar, agora não é hora de bater no STF”, diz.
A deputada está na mira do STF e do TSE (Superior Tribunal Eleitoral) por contestar a eleição e incentivar atos antidemocráticos. Em novembro, ela chegou a ter suas contas nas redes sociais suspensas, mas foram devolvidas neste mês. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes manteve multa de R$ 20 mil se houver publicações contra a democracia. Por conta disso, Zambelli afirmou ter expectativa de ser presa.
“Várias vezes fui dormir pensando que ia ter que acordar às 6h com a Polícia Federal na minha porta”, afirmou ela, que diz não ter cometido nenhum crime. “Não aconteceu porque eu não excedi um certo limite, não cometi nenhum crime. Mas eu joguei pesado, joguei duro nas palavras. Quando eu ia contra meus inimigos eu ia de forma bruta mesmo, mostrando divergências. Existia uma linha que eu podia cruzar, mas sabendo que outras pessoas cruzaram e sofreram as consequências”, falou.
A deputada também criticou Bolsonaro por não estar no Brasil para liderar oposição. O ex-presidente deixou o Brasil ainda no final de dezembro, antes da posse de Lula, e desde então está nos Estados Unidos. “Não acho que seja fugir. Passar um tempo fora para pensar no que vai fazer é legítimo. Mas concordo que ele deveria estar aqui para liderar a oposição. A gente teria mais condições, capacidade e força”, declarou.
No entanto, ela ainda pediu compreensão com o ex-presidente, que, em sua avaliação, pode ser preso no Brasil. “Ele deve ter mais informações do que a gente, por isso está lá. Temos que ser compreensivos com ele”.
Por Jornal A Tarde
Foto: Michel Jesus | Câmara dos Deputados