O Brasil chegou a um milhão de casos de dengue, segundo o Ministério da Saúde, nesta quinta-feira, 29. O aumento traz um alerta de como a população deve se proteger contra o mosquito. Entre as medidas para evitar o inseto estão: inseticidas, repelentes e até mesmo telas e mosqueteiros.
Mas você sabia que não é qualquer substância que é capaz ou recomendada para repelir o Aedes aegypti? Além disso, produtos via oral, sejam comprimidos ou vitaminas, também não tem indicação aprovada para repelir o mosquito da dengue.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomenda que para o combate ao mosquito da dengue, o uso de repelentes regularizados pela agência que contenham alguma das três substâncias a seguir:
- IR3535, presente em repelentes da Merck;
- DEET (N-N-dietilmetatoluamida), presente em repelentes como Off;
- Icaridina, presente em repelentes como Exposis.
“O importante é que o consumidor, ao comprar este produto, verifique qual é o inseto alvo, porque o inseticida pode ser para barata e outros inseto (…) Se ele for indicado para o mosquito, são eficazes e seguros e eles passam por uma avaliação da Anvisa”, explica Rodrigo Ottoni, gerente de cosméticos e saneantes da Agência.
Crianças com menos de dois anos
A Anvisa reforça que para aplicar repelentes em crianças com menos de dois anos é necessário que os pais sigam as orientações médicas. Dermatologistas apontam que o IR3535 é uma substância mais adequado para ser aplicado em bebês com mais de 6 meses de vida.
Heitor Gonçalves, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, alerta para evitar passar repelente em algumas áreas do corpo da criança. “A gente recomenda não usar nos dedos, já que a criança coloca o dedo na boca e aquilo vai aumentar a toxicidade. Não usar perto dos olhos, nem do nariz, nem da boca, o ideal é usar na bochecha aqui na frente do rosto”, explica o presidente.
Crianças até 12 anos
Para idade até os 12 anos, a Agência recomenda o uso de repelentes contendo Icaridina ou DEET com concentrações de até 10% e aplicação no máximo de três vezes ao dia.
O especialista ainda alerta que é importante evitar produtos com odores, pois atraem o mosquito.
Produtos para ambiente
A Agência também aponta que para se combater o mosquito da dengue os repelentes saneantes – os produtos para uso no ambiente, também podem ser utilizados.
Entre os compostos indicados pela Anvisa, está o óleo de neem, que possui a substância azadiractina. O uso é aprovado em inseticidas, mas o produto deve estar registrado.
A Anvisa afirma que inseticidas à base de citronela, andiroba, óleo de cravo, entre chamados “naturais”, não possuem eficácia comprovada.
A lista de saneantes aprovados e repelentes pela agência podem ser conferida no portal da Anvisa.
Cuidado com a automedicação
Existem medicamentos que, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são contraindicados em casos de suspeita do vírus, pois pode agravar e evoluir o quadro clínico da doença.
Anti-inflamatórios ou remédios a base de ácido acetilsalicílico, alguns conhecidos como: indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxen, sulfinpirazona, fenilbutazona, sulindac e diflunisal. E medicamentos de corticóides, como: prednisona, prednisolona , dexametasona e hidrocortisona, devem ser evitados, pois podem aumentar a tendência hemorrágicacasos na dengue.
Segundo Renato Kfouri, infectologista vice-presidente da Sociedade Brasileira de imunizações, o uso de substâncias que inibem nosso sistema imunológico, ou que sejam tóxicas especialmente para o fígado pode complicar a evolução. “Por isso, está contra indicado o uso de corticoides antibióticos anti-inflamatórios. A dengue é uma doença que se trata somente com uma hidratação vigorosa e é importante salientar para os pacientes que estão com diagnóstico de dengue quais são os sinais de alarme que vão prevenir a evolução do concurso mais grave”, explica Kfouri.
Por CNN Brasil
Foto: Zbynek Pospisil/GettyImages