O Brasil vai tentar pelo menos excluir alimentos e a Embraer do tarifaço. Seria uma forma de atenuar os efeitos do aumento das tarifas no país — previstas para entrarem em vigor em 1º de agosto.
Enquanto isso, empresários reunidos com senadores em Washington aconselharam o Brasil a não retaliar os Estados Unidos para evitar que o presidente norte-americano, Donald Trump, escale ainda mais a guerra comercial entre os dois países.
Nesta terça-feira (29), os senadores vão fazer reuniões com parlamentares no Capitólio, o Congresso norte-americano.
O governo brasileiro conseguiu, nesta semana, retomar conversas com autoridades americanas, criando uma expectativa de que algo pode ser obtido nesta reta final.
Apoio de empresários
O Brasil tem tido o apoio de empresas dos Estados Unidos que serão atingidas negativamente com o aumento das tarifas de importação de produtos brasileiros, como ferro gusa, laranja e café, na pressão sobre o governo Trump para pelo menos adiar o tarifaço.
Nesta segunda (28), durante reunião com esses empresários, os senadores brasileiros que estão em Washington ouviram que, se o tarifaço entrar em vigor, o Brasil não deveria retaliar na mesma moeda porque apenas levaria Donald Trump a elevar ainda mais as alíquotas e tomar outras medidas contra o país.
Por aqui, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já está com o plano de contingência para socorrer empresas que forem mais atingidas caso o tarifaço seja realmente implementado, com alíquotas de 50% na importação de produtos brasileiros.
As medidas, porém, somente serão divulgadas se o tarifaço entrar em vigor. E depois que os Estados Unidos detalharem o alcance do tarifaço. “Não dá para sair reagindo ao que não conhecemos direito”, justifica um técnico da equipe econômica.
Nesta segunda, o presidente Lula mudou o tom. Foi a primeira vez que Lula fez um apelo de fato para que Donald Trump volte a negociar com o Brasil. Até então, ele só havia feito críticas à falta de diálogo com o Brasil. Agora, modulou sua fala.
“Eu espero que o presidente dos EUA reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz. Tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver”, disse Lula. “E não de forma abrupta, individual, tomar a decisão de que vai multar, taxar o Brasil em 50%.”
O presidente conversou com sua equipe mais próxima se seria o caso de fazer uma ligação diretamente para Donald Trump. A avaliação é que vale a pena, desde que haja uma disposição verdadeira do presidente dos Estados Unidos de conversar.
Antes, porém, seria necessário que os diplomatas fizessem os contatos para acertar a ligação. Nada pode ser improvisada num contato entre os dois chefes de Estado.
Por g1
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