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Cracolândia: tráfico faz usuários de escudo humano, diz secretário

Carlos Bezerra Júnior, secretário municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo, avaliou que a dispersão da Cracolândia na Praça Princesa Isabel facilitou o atendimento aos dependentes químicos.

O secretário abordou esse aspecto ao ser questionado se a retirada de usuários e traficantes de drogas da praça é eficaz a longo prazo. Bezerra apontou que os grupos menores ficam menos vulneráveis à ação de ostensiva do tráfico.

“A dispersão acaba fazendo com que as pessoas em menores grupos estejam mais abertas aos agentes sociais. Há também um problema grave, que é os traficantes utilizarem os dependentes químicos como escudo humano”, afirmou ao Metrópoles.

Na quinta (12/5), um homem foi baleado e morto durante operação policial na região. Três policiais civis confirmaram que fizeram disparos no local.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), a perícia vai apurar se o tiro que causou a morte do homem saiu da arma de um destes policiais.

Maior atendimento

“A grande concentração dificulta as abordagens individuais, porque quanto maior a presença de traficantes, do crime organizado, em meio aos dependentes químicos, maior a complexidade”, disse, referindo-se ao trabalho dos assistentes sociais.

Segundo Bezerra, a atuação da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social na região é permanente.

“O fluxo se deslocou, mas continua no território, e nós vamos continuar dando o apoio que sempre demos, seja na praça ou em outros pontos da cidade. Nós estamos superatentos”, afirmou Carlos Bezerra.

Operação na Cracolândia

As operações na Cracolândia estão sendo coordenadas no âmbito municipal pela Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos e contam com a participação das secretarias de Desenvolvimento e Assistência Social, Direitos Humanos e Cidadania, Saúde e Segurança Urbana.

Outros órgãos que atuam na região são a Guarda Civil Metropolitana e Subprefeitura da Sé. Já as investigações ficam com a Polícia Civil.

“A Assistência Social não atua junto com a polícia, são papéis distintos. A assistência busca criar vínculos. Nossas ações promovem o acesso aos serviços socioassistenciais e às demais políticas públicas, desencadeiam o processo de saída das ruas e, se possível, promovem o retorno à família”, explicou o secretário.

Atendimento

Após serem abordados na rua, os usuários de drogas passam por um acolhimento no qual recebem roupas, alimentação e atendimento hospitalar emergencial.

Em seguida, aqueles que aceitam, ganham tratamento especializado para dependência química. A última etapa é a ressocialização, que garante uma vaga de emprego no Programa Operação Trabalho.

Por Metrópoles