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Crianças que agem como adultos podem ser resultado de pais infantilizados, diz psicóloga

O caso envolvendo o influenciador digital Hytalo Santos, que ganhou repercussão após denúncias do youtuber Felca, reacendeu o debate sobre exploração e produção de conteúdo impróprio com crianças e adolescentes no Brasil.

De acordo com a psicóloga Lorena Viena, a chamada adultização precoce compromete a formação da identidade e revela, ao mesmo tempo, um fenômeno inverso: o comportamento infantilizado de muitos adultos.

“Depois do vídeo do Felca, surgiu um post sobre adultos que recorrem à chupeta para se reconfortar. Os adultos estão infantilizados e transferindo às crianças responsabilidades para as quais elas não têm maturidade cerebral. O lugar inverteu”, denuncia.

Lorena também destacou práticas impostas a crianças e adolescentes sem que haja preparo para lidar com elas. “Quando o bebê nasce, muitas vezes já se espera que ele aprenda a dormir sozinho no berço, chorando. Coloca-se a criança para cozinhar sozinha, a frequentar redes sociais sem supervisão, como se tivesse maturidade para isso. Isso não é autonomia, é desamparo”, alertou.

Segundo a psicóloga, as consequências desse processo são graves. “Uma criança adultizada passa a circular no meio dos adultos, a ter conversas, interesses, roupas, maquiagens e até conteúdos de redes sociais voltados para esse universo. Mas o lugar dela não é esse, cabe ao responsável mostrar que o trabalho dela é brincar e ser criança”, concluiu.

Escute a entrevista completa com a psicóloga Lorena Viena no nosso Spotify