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Em 6 anos, Brasil abate 62% de seus jumentos para exportar

O jumento, animal que foi companheiro de trabalho e meio de transporte no interior do país por séculos, corre risco de entrar em extinção no Brasil devido ao abate para exportação. A Bahia é responsável pela maior parte dos jumentos abatidos no país.

Conforme dados do último Censo Agropecuário do IBGE, em 2017 existiam 376 mil asininos no Brasil. De 2017 até julho de 2023, pelo menos 237 mil animais foram abatidos em frigoríficos autorizados, conforme dados do Ministério da Agricultura.

Os abates ocorrem com objetivo de suprir a demanda do mercado chinês por peles de jumento, utilizadas para a produção do ejiao, um produto da chamada medicina tradicional chinesa. O ejiao é feito a partir do colágeno extraído da pele do jumento – e para atender à demanda crescente pelo item, empresas chinesas têm importado a pele dos animais de países como o Brasil.

“Esses animais são abatidos no mundo todo para abastecer essa demanda, que é uma demanda de 4,8 milhões de peles de jumentos por ano”, aponta a bióloga Patrícia Tatemoto, que trabalha com a Donkey Sanctuary, organização britânica que atua na proteção de espécies de asininos pelo mundo e pela proibição do abate.

Desde 2017, o abate de equídeos em geral – classe de animais que inclui os asininos, muares (mulas) e equinos (cavalos e éguas) – é regulamentado no Brasil por decreto do então presidente Michel Temer. Atualmente, apenas dois estabelecimentos realizam o abate de asininos no Brasil, ambos na Bahia.

Apesar da regulação, ativistas de proteção alertam que, no ritmo em que está atualmente, o abate de jumentos pode levar à extinção da espécie no Brasil.