Altos Papos

Especialista esclarece causas do nanismo e critica estigmas sobre a condição

Você sabe o que é nanismo? É a condição caracterizada pela baixa estatura, ocasionada por fatores genéticos ou hormonais que afetam o crescimento e o desenvolvimento. Conforme explicou ao Altos Papos o médico geneticista do Grupo Fleury, Wagner Baratela, referência internacional no assunto, as possibilidades diagnósticas são diversas, já que existem mais de 700 doenças genéticas capazes de impactar o crescimento.

“Seja um bebezinho que não nasceu ainda ou uma criança já em investigação, ela precisa passar por uma avaliação clínica. Exame físico, detalhamento não só da altura, mas da proporção dos membros, para começarmos a entender qual deve ser a causa que impacta o desenvolvimento da criança. Dessa forma, a gente vai começando a navegar nas muitas possibilidades diagnósticas. Existem mais de 700 tipos diferentes de doenças genéticas que impactam o crescimento”, afirmou.

O tratamento, segundo ele, varia de acordo com o diagnóstico e pode incluir terapia hormonal, cirurgia ortopédica e outras abordagens terapêuticas. Ainda, em alguns casos genéticos específicos, é possível prevenir a condição por meio de acompanhamento e tratamento adequados.

“A maior parte das vezes o nanismo é imprevisível. Mas quando falamos de doenças genéticas, elas têm heranças genéticas diferentes. Então, em algumas famílias, a gente já tem indivíduos com baixa estatura, aí ele passa a ser prevenível. Um casal que tem nanismo e existe um risco, a gente pode discutir essas possibilidades e, às vezes, até direcionar para tratamento de reprodução assistida como opção”, aconselha o especialista.

Casos polêmicos

No início deste mês, uma ação do cantor Nattan gerou polêmica e dividiu opiniões nas redes sociais. Durante um show, o artista ofereceu “R$ 1 mil para um homem beijar uma mulher com nanismo”. A cena repercutiu na internet e levou a Associação Nanismo Brasil (Annabra) a divulgar uma nota de repúdio.

Para o médico geneticista, situações como essa não contribuem para a busca pelos direitos das pessoas com nanismo, e essa condição não deve ser vista como uma sentença para que a pessoa trabalhe apenas no setor de entretenimento.

“Vamos lembrar que vivemos no Brasil, existem problemas estruturais que fazem com que a gente busque alternativas de sobrevivência. Se já é difícil para a população em geral, imagina para quem tem nanismo. Não é fácil, mas acho que a gente tem que buscar uma mudança de paradigma. Quem tem nanismo não tem uma sentença a viver somente do entretenimento e coisas do gênero. Pode trabalhar, estudar, ter uma vida plena”, disse.