Pela primeira vez em 52 anos de história da advocacia de Feira de Santana, uma mulher foi eleita para a presidência da entidade. A advogada Lorena Peixoto foi escolhida para presidir a subseção entre 2025 e 2027. Ao Altos Papos, a profissional destacou que este marco representa um avanço para a representatividade feminina na profissão no município.
“Esse feito histórico começa antes mesmo de eu tomar posse. Começa no momento em que, ao longo de 52 anos da OAB Subseção Feira de Santana, apenas duas advogadas se propuseram a participar desse pleito. É muito importante quando vemos colegas advogadas fazendo esse movimento de quebrar barreiras e rompendo o que historicamente foi visto como impossível: mulheres no poder, especialmente em uma instituição cuja história foi ocupada quase exclusivamente por homens”, ressaltou.
Essa transformação reflete uma tendência de maior representatividade feminina em todo o estado. Desde que Daniela Borges assumiu a presidência da seccional baiana, em 2022, tornando-se a primeira mulher no cargo em 90 anos, o número de mulheres à frente das subseções aumentou significativamente. Atualmente, das 37 subseções da OAB na Bahia, 20 são presididas por mulheres.
Sobre os planos de sua gestão, Lorena destacou a importância de criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor para as advogadas, especialmente considerando os desafios de legitimidade enfrentados em uma sociedade estruturalmente machista.
“Além das dificuldades próprias da advocacia, as mulheres precisam provar constantemente sua competência, o que não deveria ser um pré-requisito para o exercício profissional”, afirmou.
A nova presidente também chamou a atenção para as demandas específicas de advogadas negras, que enfrentam maiores índices de violência e exclusão. Ela defendeu a necessidade de uma abordagem mais sensível e personalizada para tratar as dificuldades de cada grupo dentro da profissão.
“Precisamos estar atentos e atentas às demandas e dificuldades que as advogadas pretas enfrentam. Não à toa, o índice de violência contra elas é ainda maior. Então, para cada tipo de protagonismo da advocacia, faz-se necessário um olhar cuidadoso e específico para tratar dessas questões”, concluiu.