Altos Papos

“Se tivesse tirado o sexto dedo estaria arrependido”, diz torcedor que viralizou nas redes sociais

O morador de Conceição do Coité, na Bahia, Josevaldo Almeida Thomé, de 45 anos, que viralizou nas redes sociais por ter seis dedos em cada mão, afirmou que já desejou fazer uma cirurgia para a retirada do sexto dedo, mas foi convencido a desistir, na época. Diante da atual repercussão de sua história, propostas de publicidade e parcerias comerciais surgiram e estão em negociação. 

“Trabalhei numa empresa e senti muita dificuldade para usar luvas. Naquele momento até pensei em fazer uma cirurgia mas fui aconselhado de que não precisava. Me disseram que era normal e que eu poderia me arrepender depois. Acredito que, se tivesse feito, teria me arrependido”, afirmou em entrevista ao Programa Altos Papos.  

Apelidado de Hexa, desde que a seleção brasileira busca o sexto título na Copa do Mundo de Futebol, Josevaldo é Técnico de Manutenção e Equipamentos Odontológicos e Hospitalares. Apesar de tratar a situação com bom humor, ele lembra que já sofreu bullying na escola por causa do sexto dedo. 

“Não foi fácil na infância. Hoje chamam de bullying. As pessoas achavam que não era normal e eu também acreditava nisso. Naquela época, na escola, quando eu chegava, as pessoas diziam: “olha, o seis dedos lá vem”. Eu ficava preocupado. As pessoas tinham cinco dedos e eu seis. Eu ficava admirado com aquela situação.  Mas, hoje, tudo isso já passou”, conta 

Ter nascido com seis dedos causou outros constrangimentos e dificuldades no cotidiano. Para fazer o registro das digitais para emissão de Carteira de Identidade, no Sistema de Atendimento ao Cidadão (SAC), as cinco etapas do procedimento não foram suficientes. Assim, os profissionais decidiram adicionar mais um espaço e dar nome ao sexto dedo: aparecido.

No namoro, o sexto dedo também foi uma questão. “Minha esposa demorou um pouco para descobrir porque eu escondia. Mas como a mão é muito larga, ela percebeu. Contei toda a situação para ela. Eu não tinha como evitar tocá-la, mas eu sempre escondia porque minha mão prendia a dela com um dedo a mais. Quando conversamos sobre isso ela ficou um pouco admirada mas ficou tranquila, apesar de achar que não era normal”, explicou. 

Segundo o cirurgião e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão Antônio Carlos da Costa, Polidactilia é o nome dado à presença de dedos adicionais nas mãos ou nos pés. E nem todo paciente que possui polidactilia vai precisar de algum tipo de tratamento ou de atenção médica. 

“Na grande maioria dos casos, o que desencadeia a polidactilia são fatores genéticos. Tanto é que os europeus têm mais a duplicação do lado do polegar e os asiáticos do lado do dedinho. Muita gente pergunta se isso prejudica. Depende: em algumas funções pode até ajudar. Quando o dedo atrapalha muito nós temos que tirar esse dedo extranumerário. Mas quando não atrapalha, podemos até não fazer nada. Geralmente, quando a duplicação é do polegar, esse dedo perde muita função e fazemos um tratamento cirúrgico.”, explica.   

No caso de Josevaldo as dificuldades em ter um dedo excedente não foi suficiente para buscar um médico. “Eu pego nas coisas normalmente. Mas, com coisas muito pequeninhas, um dedo sobra porque minha mão é muito larga. Fica um dedo sempre sobrando. Eu tenho que esconder ele. No trabalho, que sempre preciso usar luva, eu estouro todas. Uso muitas luvas. Eu não cheguei a procurar um médico para saber de forma mais profunda. Mas já tirei um Raio X e vi que existe um osso interligado ao outro. Por isso, tenho dois dedos interligados”, conta. 

Com bom humor, Josevaldo afirma estar se divertindo com a repercussão do caso, no contexto da Copa do Mundo. “Levo tudo natural, na brincadeira. O bom disso tudo é que eu, com seis dedos, posso representar o hexa e isso para mim é um prazer muito grande. Além disso, posso ser hexa por muito tempo”, comenta.