Altos Papos

Fim da bandeira extra não será suficiente para baratear conta de luz, diz Doutor em Planejamento Energético

Em entrevista ao programa Altos Papos desta sexta-feira, 08, o engenheiro mecânico e professor de planejamento energético da UFRJ Diego Malagueta afirmou que o fim da bandeira extra pode não ser suficiente para baratear as contas de luz dos brasileiros, já que reajustes devem acontecer ainda este ano. 

“A bandeira extra não foi suficiente para quitar o custo da crise hídrica que tivemos ano passado. Então o fato dela sair agora não significa que as distribuidoras não vão poder repassar o aumento na tarifa. […] Então, a gente, este ano, ainda vai pagar na nossa tarifa os custos do ano passado além do que já pagamos na bandeira extra. […] Ao separarmos tarifa e bandeira, ela vai diminuir da bandeira, mas, se não no primeiro mês, em alguns meses, o consumidor vai perceber a tarifa. Rapidamente essa queda de preço, que é pequena, vai ser negativamente compensada com um aumento na conta”, afirmou.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, vinculado ao Ministério de Minas e Energia, anunciou nesta quarta-feira, 06, o fim da bandeira tarifária ‘escassez hídrica’, que gerava uma tarifa extra na conta de energia elétrica de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A medida entrará em vigor a partir do dia 16 de abril. A tarifa extra foi aprovada em meio à crise hidrológica que afetou o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas do país em 2021.
Malagueta analisa que a geração elétrica nos próximos cincos anos devem encarecer por consequência do planejamento energético do país. “As mudanças climáticas estão trazendo justamente maior instabilidade ao clima, aumentando a intensidade de fenômenos extremos e as frequências desses fenômenos extremos. […] Então a gente tem que diversificar nossa matriz, é verdade que o Brasil precisa sim de termoelétrica, […] mas eu acho que o Brasil está planejando para os próximos 5 anos uma instalação bem maior de termelétricas do que a gente precisa. […] Isso tende a encarecer, no horizonte de cinco anos, a nossa geração elétrica.”, afirma.