Altos Papos

“As vantagens se sobrepõem aos desafios”, diz economista da FGV sobre fim da jornada 6×1

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe acabar com a jornada de trabalho 6×1 é de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) e tem gerado muita discussão nas redes sociais. A economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carla Beni, afirmou ao Altos Papos que os direitos trabalhistas surgidos ao longo da história sempre foram conquistados e que essa medida trará benefícios para todos os envolvidos.

“Eu diria que as vantagens se sobrepõem aos desafios. Se voltarmos no tempo, lá no século XIX, durante a Revolução Industrial, na Inglaterra, os empresários da época diziam que não podiam abrir mão do trabalho infantil, porque algumas máquinas só poderiam ser limpas com as mãozinhas pequenas das crianças. Então, se pegarmos essa linha de raciocínio para hoje, percebemos que todos os direitos trabalhistas foram conquistados, não é algo que oferecem”, relembrou.

A proposta busca reduzir a jornada de trabalho de 44 para 36 horas semanais, eliminando a obrigatoriedade de trabalhar 8 horas por dia. Isso tem sido alvo de críticas, principalmente por parte daqueles que argumentam que a mudança prejudicará os empresários. Ainda segundo Carla, inicialmente os empresários precisarão se ajustar a essa nova rotina.

“A gente precisa implementar isso, mesmo sabendo que, num primeiro momento, quem está do outro lado, ou seja, os donos das empresas que se acostumaram com a escala 6×1, por exemplo, sairão de sua zona de conforto. Então, inicialmente, será necessário um ajuste nessa questão”, afirmou.

A economista também ressaltou que o fim da jornada 6×1 vai melhorar a vida social dos trabalhadores. “Não é possível que a gente ainda normalize uma pessoa que trabalha seis dias na semana e só tem um para descansar. Esse dia virou o famoso ‘dia da faxina’, porque é quando a pessoa lava, passa, limpa e se joga na cama exausta.”

Foto: Reprodução