Altos Papos

Aulas são retomadas em escola alvo de atentado em Barreiras

Após o ataque que deixou uma aluna morta, as aulas foram retomadas, nesta terça-feira, 4, na Escola Municipal Eurides Santana, em Barreiras, no oeste da Bahia.

O clima de retorno foi marcado por tristeza. Pais e responsáveis levaram os alunos até a instituição, e a despedida foi marcada por abraços e emoção.

Na segunda-feira, 3, foi realizado um culto ecumênico no local com a presença de pais, alunos, professores e demais funcionários. A celebração foi feita por dois pastores e um diácono.

Na ocasião, houve homenagem à aluna Geane da Silva Brito, 19 anos, que morreu durante o ataque realizado por um adolescente de 14 anos.

Apoio psicológico

De acordo com a Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Barreiras, alunos, pais e funcionários da escola tem recebido apoio psicológico.

“É um plano de cuidados elaborado pela Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, juntamente com a Secretaria de Saúde e Assistência Social, e diversos parceiros”, disse a subsecretária Cátia Alencar.

“Temos a preocupação de fazer com que essa tragédia não paralise as atividades na escola, fazer com que os pais e alunos voltem com segurança. Temos psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais e psicopedagogos especialistas em educação para fazer atendimento na escola desde a semana passada. Qualquer aluno, servidor ou familiar que ainda esteja abalado com a tragédia terá o apoio sociopsicológico para resgatar a confiança na instituição, que é segura”, complementou.

Para conseguir atendimento psicológico, é necessário realizar um pré-agendamento no colégio para que a pessoa seja encaminhada ao profissional.

Além disso, para garantir a segurança no local, o policiamento foi reforçado na região.

“Temos a Guarda Municipal de Barreiras, a intensificação de rondas escolas pela Polícia Militar, bem como a instalação de câmeras de segurança nas escolas da cidade. É um processo licitatório que já está ocorrendo. Além de tudo o que podemos fazer para garantir essa segurança não só aqui, mas em todas as escolas”, explicou a subsecretária de Educação.

Relembre o caso

O caso aconteceu no dia 26 de setembro, pela manhã. O adolescente entrou com um revólver e um facão na escola e atacou colegas. Ele disparou vários tiros, que geraram uma correria no colégio. Com o facão, ele atacou Geane Brito, 19 anos.

Geane era cadeirante e, mesmo não sendo o alvo do ataque, o aluno aproveitou a dificuldade de locomoção para golpeá-la. O corpo dela foi enterrado sob forte comoção, após um cortejo que teve a participação de alunos de diversas escolas. As aulas foram suspensas por uma semana.

Publicações nas redes sociais

Segundo o delegado, a polícia apura publicações na internet feita pelo adolescente. Ele informou que investiga a participação dele em outros ataques, que teriam sido praticados em outros estados.

“Nós estamos em contato com autoridades de outros estados, porque há indício de relação com outras situações, em outros estados. Ele tinha uma relação na internet muito forte, e nós estamos investigando outras autoridades para conseguir entender os motivos, a forma, se alguém financiou e incentivou de alguma forma, se participou desse atentado”.

O delegado Rivaldo Luz destacou que o adolescente foi responsável por comentários racistas na internet. Ele informou que todo material publicado por ele será investigado.

“Ele é aluno introspectivo, conversava pouco, gostava de usar roupas pretas, de fazer comentários racistas na suas escritas. Então nós entendemos que ele programou tudo isso”, afirmou.

Apreensão

Depois que receber alta médica, o adolescente seguirá apreendido. O delegado também informou que já acionou o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Justiça, com relação ao ataque.

“É uma prisão diferenciada, por ele ser menor de idade, mas é uma prisão. Ele está à disposição da Justiça. Estamos em contato com o Ministério Público e o Judiciário, para que a gente consiga mantê-lo apreendido pelo maior tempo possível, até para entender a situação melhor, tomar o depoimento dele e conseguir avançar bastante na investigação”, explicou.

O delegado disse ainda que a escola não tinha câmeras internas de segurança, o que dificulta as investigações para saber como foi a dinâmica do ataque. No entanto, as imagens registradas pelos alunos e por moradores, do lado de fora, vão ajudar nas apurações.

Por G1

Foto: reprodução/TV Bahia