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Segurança de metrô é denunciado à polícia após filmar jovem dentro de banheiro em Salvador

Um segurança da CCR Metrô Bahia foi denunciado à polícia por filmar – sem consentimento –uma jovem dentro de um dos banheiros da Estação Bom Juá, nas imediações da BR-324, em Salvador. O caso aconteceu na noite de segunda-feira, 17, e é investigado nesta terça-feira, 18.

A vítima é Aila Brito, de 20 anos, e voltava da faculdade quando a situação ocorreu. Ainda na segunda, ela contou, nas redes sociais, que o segurança estava dentro de um banheiro interditado, ao lado do que ela usava, e fez a gravação por meio de uma janela que separa os dois cômodos.

Depois de perceber que estava sendo filmada, a jovem foi confrontar o segurança. O homem chegou a confessar que tinha cometido o crime, e pediu para que Aila apagasse o vídeo de denúncia que registrou.

A CCR Metrô Bahia se pronunciou por meio de nota, e disse que repudia a ação e que tomou medidas cabíveis. A empresa não detalhou essas medidas, nem informou se o segurança foi afastado das atividades até a conclusão das investigações.

Pai da vítima viu gravação

O pai de Aila, João Brito, esperava a filha na estação, para levá-la para casa. Depois de encontrar a jovem abalada, ele foi atrás do segurança para tentar resolver a situação. Nesta terça, ele conversou com a reportagem da TV Bahia e detalhou a história.

“Ela mora comigo. Todos os dias eu pego ela [na estação], quando ela volta da faculdade. Quando estava esperando ela aqui ontem [segunda, 17], ela começou a chorar, falando: ‘meu pai, tinha alguém me filmando no banheiro’. Eu imediatamente tentei pular o torniquete [catraca], não consegui e comecei fazer barulho”.

“Depois de muito tempo apareceram dois seguranças. Eu expliquei a situação, e ele disse: ‘vamos olhar as câmeras’, mas eu percebi que estava tendo uma resistência por parte dele. Depois de muito tempo, quando ele percebeu que a situação estava ostensiva, ele falou que foi ele”.

O pai de Aila reiterou que o segurança pediu para que a jovem apagasse o vídeo da denúncia, enquanto disse que também apagaria a gravação que fez dela. João chegou a ver a filmagem da filha no banheiro, feita pelo homem.

“Ele mandou ela cancelar o vídeo, porque ela fez um vídeo contando a situação toda. Ela, automaticamente, fingiu que tinha feito. Depois ele mostrou vídeo que ele tinha feito, tinha a calcinha dela, ela se abaixando no banheiro. Ele mostrou e depois ele disse que ia apagar o vídeo todo. Eu não pude ter a certeza de que ele apagou. Foi um choque, a gente ficou sem saber o que fazer”.

“Minha filha ficou em choque, sem saber o que fazer. Ela começou a chorar, eu liguei para a polícia, que veio aqui e nos conduziu para a Central de Flagrantes. Eu ainda não assimilei a situação, estou tão revoltado. Crio minhas duas filhas com o maior carinho, o maior amor, para ela passar por uma situação. Foi uma situação extremamente ímpar na nossa vida”.

João contou ainda que o segurança se “desculpou” pela situação, e pediu para que a família não denunciasse o caso em uma delegacia.

“Ele pediu desculpas, disse que é pai de família, que trabalha no metrô há oito anos. Só que nada disso justifica. Ele deveria ter pensado antes de cometer um ato desse. Isso pra mim é imperdoável, e agora ele tem que pagar pelo que ele fez. Ele disse que nunca tinha feito aquilo, que foi a primeira vez, mas isso não é pouco. Eu não posso simplesmente aceitar o perdão dele”.

“Ela não dormiu essa noite. A gente está assimilando a situação, que foi muito chocante. Está sendo muito chocante para gente”.

O que diz a Polícia Civil e a CCR Metrô Bahia

A Polícia Civil informou que o segurança tem 28 anos, e que ele vai responder por ter registrado atos íntimos sem autorização da vítima.

Já a CCR Metrô Bahia disse que “lamenta profundamente o ocorrido e repudia qualquer tipo de violação de privacidade, assédio moral ou sexual, assim como quaisquer atitudes que não estejam alinhadas a valores como respeito, cuidado e empatia”.

Disse também que já fez contato com a cliente, “colocando-se à disposição para prestar assistência e reforçar que está adotando as medidas disciplinares cabíveis”, e que “está à disposição das autoridades para ajudar nas investigações”.

Por G1

Foto: arquivo pessoal