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Para secretário de Educação, professores têm interesse apenas por greve em Salvador

Parece não haver data para que seja firmado um acordo entre os professores da rede municipal de ensino, e a Secretaria de Educação de Salvador (SMED). A categoria pede um reajuste de 33,23% no salário seguindo a orientação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB). A gestão Bruno Reis bate o pé em defender o reajuste de 4%. Em meio ao imbróglio, o secretário da pasta, Marcelo Oliveira, já considera que os educadores não estão investindo na luta pelo direito ao reajuste, mas sim na greve por si só.

O gestor avalia a proposta de 33,23%. Ele explica que o pleito se baseia no reajuste a partir do piso salarial da categoria. No entanto, segundo o secretário, na capital nenhum professor da rede ganha o piso salarial. “Ocorre que na prefeitura de Salvador ninguém ganha o piso. Então não tem como a aumentar nesse percentual todo o plano e carreira se não quebra a prefeitura”, disse.

Ainda de acordo com o secretário, a previsão de aumento da receita do Fundeb é de 4,8%. Este valor é uma projeção do quanto a pasta deve arrecadar a mais do que o ano anterior. “Mas desde 2021 q a gente já gasta mais que a totalidade e que o recurso do Fundeb para pagar apenas professores. Não é a folha da secretaria, mas sim e apenas os professores que já representam 101% do Fundeb. Logo, dar aumentos nessa proporção é impossível”, explicou.

Marcelo Oliveira disse ao Bahia Notícias que apresentou estes números à APLB demonstrando a impossibilidade dos reajustes. “Propomos 4% demonstrando que gostaríamos de negociar, mas eles não fizeram uma conta proposta. O que a gente percebe é que o interesse é na greve e não na negociação. Eles mandam 33%, a gente oferece 4%, o que se espera que venham de lá? Vamos dar um desconto, vamos ver se a gente chega a um número um pouco melhor, mas não foi isso que aconteceu”, avaliou.

Para o secretário, há uma clara distorção na proposta feita pelos servidores. “Percebemos como se o propósito não fosse uma campanha salarial e sim fazer uma demonstração de força. É uma indignidade, depois de dois anos de aulas suspensas se pensar em greve com as crianças com prejuízo no aprendizado. O que precisamos fazer agora é tentar resgatar a retomada das aulas presenciais, aí vem um indicativo de greve? Ninguém está pensando nessas crianças e nesses jovens que frequentam as escolas municipais? É difícil”, desabafou.

Por Bahia Notícias