A Polícia Federal revelou que o coronel da reserva Reginaldo Vieira de Abreu, indiciado por participação em uma trama golpista, enviou fotos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes no aeroporto de Lisboa, Portugal, antes de embarcar no mesmo voo com destino a Brasília. A informação foi compartilhada por Reginaldo com o general Mário Fernandes, outro investigado, por meio do aplicativo WhatsApp.
Segundo a investigação, as imagens foram capturadas em 20 de novembro de 2022, em um contexto no qual o grupo golpista, do qual Reginaldo faria parte, já havia elaborado uma minuta que previa medidas como a prisão do ministro Gilmar Mendes. O conteúdo foi posteriormente confirmado em depoimento pelo colaborador Mauro César Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A PF destacou que o envio das fotos reforça a articulação entre os núcleos operacionais da organização criminosa e o monitoramento de autoridades como parte de suas ações. A análise de dados armazenados em serviços de nuvem vinculados a Mário Fernandes revelou que a imagem de Gilmar Mendes no aeroporto foi imediatamente compartilhada com outros envolvidos no esquema.
Além disso, a investigação indica que o coronel Reginaldo Vieira foi uma figura central na execução de tarefas operacionais. Em depoimento à PF, ele optou por exercer o direito ao silêncio, previsto na Constituição. A PF avalia que a circulação da foto e a presença de Reginaldo no mesmo voo do ministro podem ser evidências de intimidação ou vigilância direta, em linha com os objetivos golpistas.
O caso de Reginaldo Vieira integra um amplo inquérito da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado, que identificou a atuação de militares, políticos e empresários em ações para subverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente eleito. A tramitação do inquérito segue em sigilo, mas já levou ao indiciamento de dezenas de pessoas.
O episódio lança mais luz sobre as estratégias clandestinas e coordenadas do grupo, que incluíram monitoramento de autoridades, elaboração de documentos golpistas e disseminação de desinformação para tentar desestabilizar o regime democrático brasileiro.
Por G1
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